"Existem pessoas que não falam com clareza; Não me refiro às pessoas com problema de fala ou às que usam dialetos difíceis de entender; refiro-me às pessoas que falam de um modo vago e costumam interromper a frase no meio, deixando o interlocutor sem entender direito a conclusão do fato narrado.
Às vezes, uma moça começa a me falar a respeito de um determinado lugar, mas se expressa de maneira tão vaga que eu não consigo saber se ela esteve ou não nesse lugar. Então, eu pergunto: 'Você já esteve lá?', e ela responde algo numa voz tão baixa que sou obrigado a repetir a pergunta. É muito trabalhoso conversar com pessoas assim. Se muitas mulheres agissem como essa moça pensando que isso é ser feminina e graciosa, as conversas seriam tão demoradas e sem objetividade que acabariam gerando muitos equívocos e mal-entendidos.
Felizmente, hoje em dia a maioria das mulheres não usa da 'falsa feminilidade' como à do caso citado. Mas ainda ocorrem casos em que a mulher não diz claramente 'sim' ou 'não'. E parece que, às vezes, o que ela diz não é o que tem em mente. Existem mulheres que, ao receber convite para ir a algum lugar, dizem que aceitam com prazer o convite, quando, na verdade, não têm a menor vontade de ir. Depois, ficam se queixando. Mulheres desse tipo aparecem com frequência nas novelas de televisão. São também muito comuns os personagens que mentem com maior facilidade para camuflar uma situação. Será que existem realmente tantas pessoas desse tipo, ou será que a maioria dos autores de novelas ilude o público?
De qualquer forma, a questão é séria, pois as palavras e as imagens possuem um grande poder de influenciar e 'contagiar' as mentes. É possível que muitas crianças, assistindo às cenas em que aparecem personagens mentirosos, pensem: 'Ah, é desse jeito que os adultos enganam os outos...' e procuram imitá-los. Com isso, acabar-sé-a criando uma sociedade problemática, cheia de mentirosos.
Dias atrás, uma senhora me escreveu dizendo que estava aflita por ter descoberto uma mentira de sua filha. Durante a ausência da mãe, essa garota saiu de casa deixando-lhe um bilhete em que dizia: 'Fui à casa de minha amiga'. Mas, na realidade, as duas adolescentes foram fazer um pequeno acampamento num monte próximo. Lá elas fizeram uma fogueira e acabaram provocando incêncio na mata.
Quando a causa do incêndio foi descoberta pela polícia, a mãe dessa adolescente levou um choque e foi tomada de uma profunda aflição ao saber que a filha cometeu dois erros básicos.: o de ter mentido e o de ter causado um incêndio. O que mais angustiava essa mãe, que é profunddamente religiosa, era a constatação de que a filha soubera esconder muito bem as faltas cometidas. Na carta, essa mãe me pergunta: 'Como devo lidar com minha filha?'. Meu conselho é o seguinte: Qualquer mãe pode repreender ou punir uma filha. Mas, por pior que seja o aspecto fenomêncio que a filha estava manifestando, uma mãe ninca deve deixar de ontemplar com os olhos da mente a perfeição da Imagem Verdadeira. Quanto mais negativo for o aspecto fenomênico, tanto mais intensos, argutos, claros e límpidos devem ser os olhos da mente, que captam a Imagem Verdadeira. É necessário que a própria mãe não minta nem engane outras pessoas. É essencial praticar todos os dias a Meditação Shinsokan e louvar a natureza divina de todas as pessoas."
E desse trecho, o que pode ser apreendido? Ele não fala, como os outros trechos, de algum "modo de viver natural". Então, o que podemos dele apreender?
Dizer a verdade, seja lá em que circunstância for, pode, surpreedentemente, salvar a vida de várias pessoas, como no exemplo dado em tela.
E, se o mote do capítulo de hoje é "dizer a verdade", simplesmente um "viver de modo agradável" engloba essa necessidade de dizer a verdade.
Assim, dizer a verdade é parte de um modo feliz de viver, de um viver de forma agradável.
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