"O início do ano é uma excelente ocasião para se libertar da visão materialista, que considera o ser humano como simples corpo carnal, e consolidar a visão transcendental que vê o ser humano como existência espiritual. No Ano-Novo, muitas pessoas purificam o corpo e vão orar nos templos. Tem aumentado também o número de pessoas que escalam uma montanha durante a madrugada do primeiro dia do ano para chegar ao topo antes do amanhecer e orar diante das primeiras luzes do Sol. Elas sentem, ali, a presença de algo maravilhoso e ao mesmo tempo misterioso, que transcende o mundo material.
Quanto à purificação do corpo, as pessoas, ao se banhar no Ano-Novo, não visam apenas assear-se e relaxar os músculos. O propósito é purificar-se física e mentalmente. Fato é que, no início do ano, as pessoas procuram, consciente ou inconscientemente, desenvolver mais a espiritualidade. Até meso pessoas que não possuem fé religiosa tomam consciência de algo espiritual.
Seria bom que as pessoas não se limitassem a sentir esse desejo sincero da alma apenas no início do novo ano. É preciso que todos se esforcem para continuar vivendo sempre com essa postura mental verdadeira. Assim, todos poderão viver com alegria, sem proferir maledicências, nem brigar com os outros. Não haverá pessoas mesquinhas que riem das infelicidades alheias.
Todos nós construímos nossa vida com as palavras que proferimos. Se dissermos sempre palavras positivas tais como: 'Estou contente, pois sou afortunado', seremos felizes; mas, se tivermos o hábito de lamentar: 'Sou infeliz, estou muito triste', seremos realmente infelizes.
Para que as palavras exerçam o seu poder, não basta proferi-las apenas uma vez. É importante a repetição. Se você quer que sua vida seja feliz, repita várias vezes, todos os dias, a afirmação: 'Estou contente, sou uma pessoa feliz'. Assim, com certeza você conquistará uma vida feliz.
No Ano-Novo, as pessoas se cumprimentam dizendo: 'Feliz Ano-Novo'. Mesmo uma pessoa muito cínica não retruca com palavras malcriadas tais como 'Feliz, por quê? Imbecil!'. As palavras de felicitações fazem bem à alma e purificam a mente. Quando a mente se torna serena e pura, a vida entra nos eixos naturalmente e a saúde melhora cada vez mais.
Sejamos pródigos em proferir palavras alegres e positivas de felicitação e gratidão. Se você é casado(a), dirija a seu cônjuge, a cada fim do dia, palavras de sincero agradecimento; se tem filho(s) diga-lhe(s) 'Obrigado' muitas vezes. Expresse sua gratidão ao cônjuge e aos filhos com palavras, tais como: 'Só pelo fato de vocês existirem, sinto-me feliz. Sou uma pessoa afortunada'.
Palavras como essas tornam radioso o ambiente familiar. Nos lares em que são proferidas todos os dias palavras de afeto e gratidão não ocorrem casos de delinquência do filho nem de infidelidade conjugal.
Por que muitas pessoas não usam todos os dias palavras que, mesmo sendo simples, expressem alegria e gratidão? Será que querem guardá-las para usá-las somente no Ano-Novo? Existem pessoas que passam a vida sem proferir palavras de afeto e gratidão aos familiares. Como será o momento derradeiro de alguém que viveu assim? Será que, no leito da morte, rodeado pelos familiares, dirá, pela primeira e última vez: 'Obrigado a todos vocês. Eu fui feliz...'; ou será que morrerá soltando gritos de sofrimento?"
Uma coisa que eu sempre reparei - e reparo ainda - no comportamento dos adolescentes (ou juvenis, em seichonoiês) é a capacidade vívida deles dizerem "eu te amo" a qualquer um que passa na sua vida, nem que seja por um mês ("eu te adoro" também é variante). No entanto, quantas vezes um adolescente fala isso para seus pais?
O fenômeno, embora infanto-juvenil, não se restringe a esta faixa etária, muito pelo contrário. Adultos também vivem se declarando uns aos outros, mas aos mais importantes de sua vida, não. Você, você mesmo, minha querida e augusta noiva, uma das poucas fiéis que me acompanham neste blog, você que me ama até por mensagem de texto, já disse "eu te amo" hoje para sua mãe, minha querida sogra?
Ah, é diferente, dirão vocês. Diferente o quê? Quer dizer que amamos uma pessoa que conhecemos a quatro, cinco anos e não amamos uma pessoa que conhecemos por toda a vida?
Diferente o quê? A nossa diferença, neste caso, e eu me incluo nisso, não pensem que sou o Sr. Perfeição não, é o tal do ego. Achamo-nos superiores àqueles que criticamos. Achamo-nos injustiçados perante aqueles que temos contato diário.
Queremos impor nossa forma de ser e de agir perante aqueles que, supostamente, amamos?
Tenho uma prima que, quando o pai era vivo, vivia às turras com ele. Quando faleceu, honras e loas no orkut como "Pai, saudades eternas".
Amor e gratidão se mostram em vida, se dedicam em vida. Saudades post-mortem farão até bem ao de cujus, mas, e aí? Tivemos a oportunidade de dizer isso cara a cara, face to face?
"Quem pagará o enterro e as flores, quando eu me morrer de amores?", já se indagava Vinícius de Moraes num dos meus poemas prediletos.
Façamos uma honesta autorreflexão e a resposta será não. Inclusive a minha. E o que podemos fazer para mudar? Talvez, viver a vida como pregava Renato, o Russo, quando este cantava que "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". O amanhã não existe. Somente o agora, o agora eterno, é que é o nosso tempo real. Vivamos o agora, para agradecer e amar a cada um dos nossos entes queridos. Só assim não nos arrependeremos depois.
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