Mesmo no caso de um pintor, ao pintar um quadro, ele utiliza diversas belas cores, mas há ocasiões em que essa pintura se destaca justamente por ter duas a três pinceladas de uma cor intermediária, que parece de sujeira, assemelhando-se à cor de fezes. Então, algo com essa cor intermediária, ou de fezes, nem sempre significa que seja sujo. Em suma, quando isso estiver num lugar adequado, é belo; mas, se estiver num lugar inadequado, não é belo. Embora se diga que o vermelho ou o verde são belos, se pintar com vermelho de uma forma desordenada ou pintar todos os quadros totalmente de verde, isso não pode ser belo, por não estar adequado.
(Mundo Ideal, Ano XVI, nº 190, pg. 22)
E então? O que dizer deste trecho?
Bom, dele depreende-se um certo caráter utilitarista, no sentido de que tudo o que é adequado pode ser considerado belo ou bom, e vice-versa. Assim, a grande harmonia mencionada no texto significa, antes de mais nada, grande adequação, ou grande utilitarismo, ou seja, uma coisa só é útil (boa, bela e verdadeira) se ela for adequada. Seria esse raciocínio resquício de um pensamento do New Thought, em cujo solo natal norte-americano nasceu também o utilitarismo, ou teria ele nascido de Platão e seu belo (portanto útil) mundo das formas?
Não sei, mas, pelas raízes conhece-se a profundidade do pensamento da Seicho-No-Ie...
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