"Aparentemente, a vida do homem acaba com a morte do corpo carnal, tornando-se cinzas e ossos, como os animais, mas na verdade não é assim. Se o homem fosse apenas um animal superior como os macacos, então ele não teria muito valor. Afinal, por mais longevo que fosse, ele se tornaria cinzas dentro de cem anos, pouco mais ou pouco menos.
Não adiantaria nada orar para a cinza ou lhe prestar homenagem póstuma. Mas, se muitas pessoas oram diante do túmulo dos antepassados, é porque acreditam que, mesmo após a morte do corpo carnal, sua vida (alma) continua existindo. E é característica do ser humano ter capacidade de acreditar na existência da alma. Chimpanzés e gorilas não têm capacidade de possuir fé, ou acreditar em Deus, ou em vidas futuras.
Mas, e se eles pudessem acreditar nisso? ... Aí eles seriam seres humanos. Por mais que a aparência seja de gorila, se consegue pensar sobre a alma ou a imortalidade da alma, é porque possui alma humana. Seria impossível saber que existe algo dentro de si. Como possui alma, procura pela alma. Como possuímos Vida de Deus, procuramos por Deus, pensando que em algum lugar Ele existe.
É como procurarmos um bom disco de música porque temos em nós mente que compreende música. Se não possuíssemos essa mente e fôssemos seres como baratas ou lagartos, não iríamos procurar música ou aparelho de som de alta definição.
Portanto, se você procura riqueza ou prosperidade, essa riqueza já existe dentro de você. Sabendo que a possui, ela se manifestará livremente. Torna-se clara aí a diferença entre desejar porque não possui e desejar porque possui.
Muitas pessoas dizem 'Desejo possuir dinheiro porque não o tenho', mas isso se refere a algo com forma definida como dinheiro, e, nesse caso, deve ser mesmo assim. Mas o que possui forma é consequência daquilo que não possui forma. Matéria é manifestação da mente; portanto, deve existir primeiro aquilo que não possui forma.
Ou seja, existe em primeiro lugar capacidade ou talento para ganhar dinheiro; o dinheiro vem depois. Dependendo de reconhecer ou não que possui essa capacidade, o resultado será diferente. Nada consegue alguém que, sem possuir capacidade, deseja somente resultados.
Podemos dizer o mesmo em relação à saúde. Sem reconhecermos primeiramente que possuímos capacidade para ser saudáveis, a saúde não se manifestará. Ao procurar riqueza e sucesso, também devemos primeiramente reconhecer a existência da capacidade para os obter; surgem, depois, a riqueza material e o sucesso.
E, se essa ação de reconhecimento for aprofundada e passarmos a reconhecer, do fundo do coração, 'No mundo de Deus já existe tudo, existe o infinito', por essa força da fé, passarão a se manifestar sucessivamente coisas e fatos maravilhosos".
Uma frase me chamou a atenção mais do que qualquer outra neste texto: "Mas o que possui forma é consequência do que não possui forma". Se o professor Seicho escrevesse somente esta frase no texto, já valeria um longo comentário. Pois, vamos a ele então.
Lembram-se de ontem, quando disse que o mundo fenomênico é um mundo consequencial, que todas as coisas que nos ocorrem são derivados de nossa maneira pretérita de pensar, agir e sentir? Pois bem, esta frase que destaquei vem justamente comprovar o que eu disse: o que possui forma é precedido do que não possui forma. Mas esta frase encerra duas interpretações, ambas válidas:
1. A primeira, é a da formação do Fenômeno no mundo das formas. O que não possui forma (Deus, a Imagem Verdadeira, lembrai-vos da Revelação Divina: "Sendo eu amorfo e livre...") precede sempre o que tem forma. O Gênesis também é uma boa lembrança, quando Deus, reinando sobre o nada, começou a criação do mundo justamente pela...luz! Simbólico isso, não? Em alguns trechos de obras como "Comande Sua Vida Com o Poder da Mente" o Mestre fala de rodamoinhos de nada que, num determinado momento, "passam" a existir, e aí todas as coisas passam a surgir, mais ou menos como descrito na sutra: "quando a Mente deste Deus onipotente, deste Deus perfeito, entra em vibração e se torna Palavra, desenvolve-se todo Fenômeno e todas as coisas passam a ser...". Entenderam? É bem por aí mesmo.
2. A segunda, da qual já demos breves pinceladas, à la seu Lício, é a existência de algo sem forma (pensamento) que precede a forma (ato, por exemplo). Ou uma determinada atitude perante a vida, que faz surgir as coisas, literalmente, ex nihilo, do nada. O livro que estamos estudando, por exemplo: ele era algo amorfo e livre quando estava na mente do professor Seicho, que um belo dia resolveu sentar-se e, de posse de um computador ou de papel e caneta começou a rascunhar o livro que hoje, quase uma década depois, estamos estudando e comentando. Pode-se dizer que a partir daí o livro passou a ter forma, forma de textos e depois, acabamento com folhas e uma capa. A tradução, de Ikurukoto no Yorokobi para O Modo Feliz de Viver veio depois, e, alguns dias depois, este pensamento condensado, materializado do professor Seicho veio-me às mãos para estudar convosco.
Por fim, a força da fé que nos traz o título deriva basicamente desta verdadezinha muito simples e profunda que aprendemos hoje: Do Mundo de Deus vem todas as coisas materiais, do amorfo provém a forma. Ter fé nisso e aplicá-la na prática é essencial. É a nossa força.
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