terça-feira, 5 de julho de 2011

Reflexões (Quase Sérias) Sobre O Politicamente Correto III - O Exemplo do Gringo

Ok, eu assumo o risco, onde já se viu palavrões num blog como este. Também assumo o risco de, como Líder de Iluminação ser mal interpretado por ser, digamos, politicamente incorreto. Na realidade, no fundo no fundo, eu acho o fenômeno do politicamente correto uma grande palhaçada. Não menosprezo o poder da palavra, tão preconizado pela Seicho-No-Ie, que poderia causar certos melindres em pessoas mais sensíveis, mas, a meu ver, por exemplo, "bichona" e "homoafetivo grande" (como no exemplo da piada) é trocar seis por meia dúzia, ou melhor, seis por três mais três, é tornar difícil, dando fumos de respeitabilidade, a situações normais e até comezinhas do dia a dia. Afinal, com exceção de meu deputado Jair Bolsonaro, quem, hoje em dia, não conhece uma bichona? Ou melhor, um grande homoafetivo?
Bullying para mim é outra palhaçada, quando não extrapola os limites da violência física. Nos meus tempos de criança pequena lá em Barbacena nós tínhamos um colega, chamado Samuel Bertuol Chiesa (leia-se "quiêza"), conhecido por todos de Gringo. Ele até reagia bem com esse apelido de Gringo, descendente de colonos italianos que era. Mas um problema na sua fala fazia toda a turma rir dele: ele simplesmente não conseguia pronunciar o "rr". Nós tínhamos até um trava-língua para ele e uma outra colega nossa, a Adriane, que à época estudava para ser freira (gostaria de saber onde ela anda agora): "Eu vi um carro puxando uma carroça com um burro raivoso". Quase sempre saía assim: "Eu vi um caro puxando uma caroça com um buro raivoso". Até o "raivoso" soava engraçado.
Logo, não demorou para a turma o chamar de um apelido que ele simplesmente odiava, e por vezes tinha discussões, e sérias, chegando quase às vias de fato com quem assim o tratasse: Polenteiro (fabricante de polentas).
Eu, sempre solidário ao Polent..., digo, Gringo, tratei de arrumar um apelido que ele julgasse menos ofensivo: Perdigueiro (raça de cão de caça).
Curioso é que em toda Soledade (interiorzão do Rio Grande do Sul, onde fui criado de 87 a 96) eu era o único a chamar o Polent..., digo, Gringo, assim... e ele gostava.
Agora vocês veem como é a natureza, como dizia Zé Trindade: dar uma profissão (fabricante de polentas) a ele era ofensivo, agora, chamá-lo, literalmente, de "cachoro", não... vai entender...
E com quase todo mundo era assim: eu era o Carioca, mas meu pai, elogiando meu talento futebolístico, apelidava-me carinhosamente de Pé de Chumbo...
Um outro amigo meu, não sei por qual razão, adentrou sua adolescência sendo chamado de Galeto (?!?). Dizem que era corruptela de galego, mas não tenho a confirmação.
Hoje, nosso querido bullynado Gringo Polenteiro vive muito bem com mulher e filha na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul. E é melhor eu me calar porque, se for adentrar no mérito de Pelotas...não sofreu nenhum trauma com isso, e o único problema que ele apresenta, a meu ver, mas que não deve ser decorrência das gozações d´antanho, é ser gremista...
O que eu quero dizer com tudo isso? Que a sociedade, em nome de um maior respeito pelas pessoas, através do politicamente correto, assume posturas cheias de não me toques, como disse o primeiro texto, não me toques estes incompatíveis para um Filho de Deus, e agora sim chegaremos aonde eu quero chegar... próximo post, por favor!

PS.: Gringo, se por acaso você ficar chateado por revelar seus traumas de Polenteiro guardadas há mais de duas décadas, não se preocupe: você será sempre meu amigo Perdigueiro! Saudades dos bons tempos de Soledade! Só lastimo que tu sejas gremista, mas aí...

Um comentário:

  1. hehehehehehe. Grande Carioca, como andas ? Bacana você lembrar dessa passagem da nossa infância, que de certa forma muito se assemelha com outras formas de Bullying. Mas ao contrário do que muitos possam achar e que torna o assunto do bullying tão polêmico hoje em dia, prática considerada desprezível, eu cultivo a idéia de que existem diversos tipos de bullying, ou seja, que são divididos em níveis. Não posso falar sobre a gravidade do bullying que provoca inclusive reações violentas nas pessoas, pois não foi esse que sofrí, e prezo que estes sejam melhor discutidos para avaliar o comprometimento no desenvolvimento de uma criança ou até mesmo de um adulto. Posso falar sim, sobre este que sofria lá em Soledade e vejo que hoje, apesar de ele ter me incomodado, tenha sido um bullying saudável. O povo tirava onda, vc achou uma variante do apelido pra tentar "amenizar" um pouco, no entanto, o mais importante é que ele me provocou um esforço em tentar se adequar ao padrão linguístico falado pela maioria das pessoas na cidade. Se todo bullying fosse revertido como incentivo à superação, mas sabemos que não é bem isso que ocorre na prática, tudo vai depender do quão grave é o bullying e também do psicológico de quem o sofre.

    Independente disso, como muita polenta até hoje e sou mais gremista do que nunca. :)

    Abraço no amigo, que também sofria bullying, não vem dizer que não hahahahahahaha, mas essa seria outra história.

    Até mais carioca !

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