quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

8 - Homens Da Face Da Terra, Não Deveis Ocultar O Pecado

Antes do estudo deste trecho, me permitam exteriorizar uma certa pinimba que minha estimada genitora tem para com a literatura Seicho-No-Ie...
Minha mãe tem lá o seu ritual de orações, só que a dela é uma mistureba só (ou mixórdia, como disse certa vez meu saudoso professor de Direito Romano, e eu pensava àquela ocasião que ele estava me xingando, ao mostrar um artigo galhofeiro meu no jornalzinho da Faculdade... choses de la vie...), mas a tônica espiritual dela é misturar sem a menor desfaçatez orações católicas com as da Seicho-No-Ie. Todo final de ano é de lei que tenho que dar a ela não só o calendário do Sagrado Coração de Jesus bem como os Preceitos Diários da Seicho-No-Ie, para vocês terem uma ideia.
"Mas, ora bolas, preletor, qual a queixa da senhora sua mãe, e qual a relação dela com a frase de hoje?"
Calma, a paciência é uma virtude, já nos ensinava o I Ching. Como eu disse, ela faz algumas orações da Seicho-No-Ie, dentre elas a Sutra Sagrada (só não me perguntem qual, pois nem ela sabe me dizer, ela faz e pronto). Bom, neste caso, melhor feito do que perfeito, se ela faz, tá feito, não sou eu aqui que vou dizer como ela deve ou não rezar...
Mas ela volta e meia vem reclamar para mim o seguinte (e muito obrigado pela paciência que pedi no parágrafo anterior para chegar até este trecho sem desistir da leitura):
"Filho, esse povo da Seicho-No-Ie não gosta de mulher não? Por que todo o tempo eles só falam em homem, homem, homem..."
(Sim, minha mãe tem um germe bem inconsciente feminista, embora ela mesma tenha muitos pendores machistas...)
Aí lá vou eu explicar para ela o que vou explicar aqui... Mas, pela sua reclamação, ela deve fazer a Chuva de Néctar da Verdade, e ficar bem encucada com o capítulo... Homem!

Bom, mãe, como eu sei que você talvez nunca lerá este blog, vou repetir para meu respeitável público o que vivo falando para você, infelizmente sem sucesso...
Quando na literatura da Seicho-No-Ie se fala em "Homem", este termo é usado genericamente para todos os gêneros do Homo sapiens, ou seja, homem, mulher... então, não se irrite por conta disso, é da nossa língua portuguesa mesmo que assim convencionou...
Urge salientar também que os primeiros tradutores da literatura Seicho-No-Ie não eram especialistas no vernáculo, e traduziam (isso opinião minha, tá?) usando um linguajar bem médio para o entendimento dos lusófonos que não entendiam japonês, tá?
Querem um exemplo? Comparem o estilo cru, chão (chão no sentido de simples, este termo existe e não apenas como substantivo, mas também como adjetivo, Leojisso também é cultura...) dos escritos da Seicho-No-Ie com o da literatura kardecista? Vocês se deleitam muito mais com o estilo florido deste do que o nosso. E não me refiro, obviamente, unicamente ao que escreveu Chico Xavier... todos eles, na verdade, são de uma elegância estilística inigualável, pelo menos ao meu sentir...
Só uma última coisa, mãe: "Homem", em "japonês-de-sutra" é Ningen (lê-se "ninguen") e significa "ser humano". Talvez se um dia fizerem uma nova revisão da sutra assim como fizeram da saudosa Kanzeon Bosatsu (hoje "Bodisatva que reflete os sons do mundo") seu inconformismo possa ser contornado...

Ah, e a frase em si? Ora, trata-se de uma exortação à toda humanidade para não ocultar os pecados, pelos motivos já extensamente abordados nos posts anteriores, aos quais humildemente peço ao leitor que se dirija, caso não os saiba ainda... Nas frases seguintes desenvolveremos mais esta ideia...  




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