domingo, 12 de setembro de 2010

A Parte Divina do Cérebro - As Impressões Continuam...

Oi, amigos, tudo em paz? Continuemos aqui com nossa pequena análise da obra de Matthew Alper já informada no post anterior, "A Parte Divina do Cérebro". Li hoje de manhã da pg. 79 até a 115, com as seguintes impressões (cheguei até a anotar alguma coisa, coisa rara de fazer, o que eu não faço pelos meus leitores...):
1. O Autor insinua que a crença em Deus seria um padrão de comportamento, adquirido via genética. Pois bem. Pensando assim, poderíamos intuir que os ateus são uma "aberração genética" assim como os que sofrem de uma doença orgânica digamos, de fundo genético? Em outra parte do livro, o Autor é sincero o bastante (e isso é uma característica louvável dele!) em afirmar que mesmo o mais aferrado dos ateus pelo menos uma vez na vida imaginou uma vida espiritual...
2. Continuando a aberração genética e com o que ele falou antes, um ateu, que assim se admite mediante provas, digamos, inequívocas da existência de Deus, pode ser considerado uma mutação genética, digna de, por exemplo, transmitir instintivamente tal comportamento aos seus descendentes? Ou tal comportamente seria recessivo?
3. Continuando ainda no tema "padrões de comportamento", o Autor enumera vários exemplos destes, como, por exemplo, o sorriso, dizendo que em todas as raças do mundo e em todas as situações, o sorriso é sempre igual, é um comportamento padrão humano. Instintivo, pois. Sendo assim, poderia se modificar, mesmo que a base de muito esforço pessoal e humano, a maneira de se sorrir? Outro exemplo que ele dá é o do miado do gato. Poderia o gato (aí sei q seria mais difícil) ser ensinado a produzir outro tipo de som que não fosse o nosso já conhecido e famoso "miaaaauuuu"?
4. Ou seja, o que nosso bravo Alper quer nos provar é que a crença em Deus é tão instintivo em nõs como o sorriso ou o miado do gato, ou seja, acho que o tiro dele saiu pela culatra...
5. Continuando ainda com mais uma indagação comportamental, ou melhor, de padrão comportamental: seria este padrão comportamental a natureza inerente a cada ser, ou o que englobaria cada espécie e a classificaria como pertencente a um determinado grupo de seres?
6. Esta aqui foi triste de engolir, e não tem muito a ver com nosso tema, mas merece comentário: na pg. 86, o Autor nos dá como outro exemplo a música, sendo esta característica única dos seres vivos. Repetirei até as palavras dele: "Nenhuma planta, nenhum inseto, peixe, gato, cachorro ou mesmo chimpanzé usa alguma parte do corpo ou vários materiais para criar uma combinação rítmica de sons". Certo, não? Pois é, eu quase caí nessa, sendo que fui salvo por um passarinho que alegremente cantava lá perto da varanda de casa... que é isso... e as aves, Mr. Alper, and the birds? Nem mesmo uma pequena exceção ou explicação a este fenômeno o Autor fez... isso é o que dá não conhecer as aves canoras de Niterói, porque só aqui, como Gonçalves Dias já recitava e eu coloquei posts atrás, as aves gorjeiam como não gorjeiam por lá...
7. Ainda no exemplo da música, então se somente os seres humanos (meu inexistente Deus, perdoai!) tem a capacidade de "cantar, e cantar e cantar", significa que a música, ontologicamente, tal como Deus, é inexistente?
8. Por último mais uma bela prova da honestidade intelectual de Mr. Alper, razão pela qual mais uma vez renovo a recomendação de ler tal obra. A nota de rodapé constante na pg. 113 derruba todo e qualquer esforço de convercer-nos com sua tese que ele vem tentando bravamente nos convencer ao longo de 300 páginas. Leiam: "Embora ninguém nunca tenha provado que não existe uma realidade espiritual, tal hipótese sem dúvida apoia a possibilidade de que alguma deve de fato existir. [Ora bolas, o que estou fazendo aqui então? Tentando me convencer que Deus não existe através de um mal formulado princípio da incerteza de Heiselberg???] Na verdade, é impossível provar que qualquer força ou ser imaginários não existam [!!!??? E o tal padrão comportamental, e nosso Deus Ganesha chamado Evolução???]. Como, por exemplo, pode alguém provar que invisíveis elefantes cor-de-rosa não existem? Só porque nunca vimos um, isso não prova que eles não existam. Dessa forma, a mera tentativa de refutar a existência de um ser fantástico é um esforço vão. Devemos aceitar o princípio de que o ônus da prova reside na confirmação da existência de alguma coisa, não na de sua não-existência".
9. Resumindo, a velha lógica popperiana do cisne negro. Em outras palavras, Alper nos diz: "queridos leitores, estou escrevendo isso para provar que Deus não existe, ele não passa de um bem elaborado mecanismo para nossa sobrevivência neste mundo cão em que é necessário sobrevivermos pela seleção natural. No entanto, nada do que eu disser aqui pode ser considerado verdade se por acaso alguma coisa ex nihilo, do nada, surgir. Como isso se torna impossível, fica a critério de vocês acreditarem no que eu falo, procurando a vida toda pela existência de Algo, ou não"...
10. Ou seja, bem razão tinha o salmista em afirmar: "Diz o insensato em seu coração: 'não há Deus'"...
11. Amigos, para encerrar o cotejo: meu propósito aqui não é falar mal do livro, que, repito, é muito bom. Graças a ele, por exemplo, descobri que Jung foi quem cunhou um termo tão caro a nós, que se chama inconsciente coletivo. Mas quero apenas criticar seus pressupostos, e isso acredito que estou conseguindo razoavelmente fazer, ainda que minha ignorância leiga no tema me impeça de me exprimir melhor.

Um comentário:

  1. Cara que fanatismo!o livro é fantástico. refute as ideias do autor com argumentos a altura do livro, ou seja, ARGUMENTOS RACIONAIS. Frequentei a seicho-no-ie mas não sabia que tinha fanaticos assim.. hehe

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