Ok, ok, eu iria mais cedo ou mais tarde, falando de nosso amigo Sig, fazer este infame trocadilho. Mas o que eu queria escrever agora é algo curioso que comecei a vislumbrar durante a leitura do livro do nosso querido Freud... algo que me chamou a atenção, confesso, desde o prefácio...
O prefácio, escrito por Renata Udler Cromberg, nos informa, à pg. 31 que "a principal crítica de Freud à religião é a de ter falhado em conciliar o homem com as renúncias pulsionais impostas pela civilização".
Muito bem. Estas "renúncias pulsionais" pode ser entendidas como "renúncias instintivas", ou seja, a crítica de Freud é a da religião ter falhado em conciliar o homem com a vida prática.
Aí você pega o volume 17 da Verdade da Vida e lê o seguinte trecho do Mestre, na pg. 58:
"É preciso, porém, deixar de considerar a religião como mero instrumento de consolo espiritual ou um meio ao qual se recorre só na hora da necessidade ou da morte. Toda religião, quando se apreende sua essência, passa a ser parte integrante da vida. Enquanto não se tornar parte integrante da vida, a religião será considerada um 'apêndice' desnecessário, um passatempo de pessoas desocupadas, ou um capricho de pessoas idosas"
Confesso que este é um dos meus trechos favoritos neste volume. E o que ele teria a nos ensinar?
Muito, amigos, muito. Eu não li ainda os volumes 19 e 20 da Verdade da Vida, coisa que só devo começar a fazer acho que só no ano que vem, ainda tenho praticamente metade do volume 17 para ler e o volume 18 ainda para enfrentar. No entanto, sei que o Mestre, rato de sebo que era, pesquisou muito sobre psicanálise. Karl Menninger, então, era praticamente seu livro de cabeceira, tamanhas as vezes em que ele citava este autor em suas obras. Menninger, por seu turno, era freudiano.
Assim, não é difícil imaginar por qual motivo nosso amado Mestre esforçava-se sempre para afirmar que Seicho-no-ie era, acima de tudo, prática. Pela simples razão de que o panorama religioso sempre era dicotômico, ou seja, apresentava duas realidades, a realidade espiritual, que seria o comparecimento às atividades religiosas, e a realidade da vida, em que o que era pregado na primeira realidade não era aplicado nesta segunda realidade. E, para Sig, o que contava era esta realidade, a verdadeira, a material, e não a primeira, alvo de críticas deste.
Então, todo este convite para a prática seria para desmentir e ao mesmo tempo concordar com a teoria freudiana. Desmentir no sentido de se criar, efetivamente, uma religião para a vida prática; e concordar para afirmar que ele tinha razão, e que a única exceção a esta regra poderia ser apresentada ao mundo religioso sendo... a Seicho-No-Ie!
Este insight seria válido? Acredito que sim, pois o Mestre, leitor psicanalítico que era, queria provar, mais do que nunca, a máxima nulla salvatio sine pratica, ou seja, nenhuma salvação sem a prática.
Por favor, opinem! Como diria a atendente de telemarketing, sua opinião é muito importante para nós!
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