Fechado o parêntese da palestra, vamos retomar o tema de onde paramos ontem, à guisa de introdução para o que vem por aí, ou seja, Freud e seu "Futuro de Uma Ilusão"... desta vez, vamos trocar algumas ideias sobre um ponto que me chamou deveras a ateñção ontem, a saber, a nossa luta (da ciência e da religião) para combater os instintos...
Instinto, segundo o que Silveira Bueno me informa, é "Disposição natural; tendência ingênita; impulso; atração; inspiração". Ou seja, algo inato. Que nasce com a gente.
Vou me socorrer do capítulo que estou estudando para a palestra do sábado que vem: nela, o Mestre Masaharu Taniguchi, em uma incrível coincidência, nos explica que "dentro da mente de cada indivíduo, num lugar bem mais profundo do que o da camada do subconsciente que retém os fatos registrados em sua memória desde que ele nasceu, existe o que podemos chamar de 'mente da tendência' (mente que age segundo suas tendências ou hábitos), a qual já vinha trabalhando antes mesmo de seu nascimento neste mundo (...) Toda pessoa nasce sabendo essas coisas porque antes mesmo de vir a este mundo já possuía a 'mente que trabalha segundo determinada tendência ou determinado hábito'" (Verdade da Vida, vol. 29, pg. 97).
Legal, não? Agora, melhor é saber que o Mestre falou, em mais oportunidades, desta mente do hábito ou da tendência, leiam, por obséquio o que ele escreveu no volume 8 da mesma coleção, logo no início...
"Se pensarmos que a mente só trabalha quando estamos despertos, estamos bastante enganados. A mente desperta mal equivale a 5% da atividade da mente global. Assim, como acontece com o carro, se deixarmos a mente global em movimento, ela continuará indefinidamente em atividade criadora, avançando com determinação na mesma direção, razão pela qual denomino-a 'mente da tendência' ou 'mente do hábito'. Mudar a direção da 'mente da tendência' de acordo com a necessidade é que é a função desses 5% que constituem a 'mente desperta'. A 'mente desperta' corresponde ao motorista que tem nas mãos o volante de um veículo cujo peso é dezenas de vezes superior ao do próprio corpo" (A Verdade da Vida, vol. 8, pg. 18-19)
Interessantíssimo, não acham? A que conclusões chegaríamos?
1.Instinto é uma tendência, fortemente arraigada numa mente mais profunda do que o profundo subconsciente. Traduzindo para algo bem comum em nossos dias, é como se o instinto fosse a camada pré-sal de nossa mente, muito abaixo de toda especulação mental individual. Aliás, para delimitar melhor nosso campo de atuação, podemos acertadamente dizer que o instinto seria a porção individualizada de nosso inconsciente coletivo.
2. Este instinto, ou seja, esta fatia individualizada do inconsciente coletivo, mais arraigado que o nosso subconsciente, com ele se comunica, transmitindo-lhe impressões amiúide equivocadas sobre nós mesmos e o ambiente que nos cerca...
3. Traduzindo em seichonoiês, trasmite-lhe impressões equivocadas sobre a verdade vertical e a verdade horizontal... ou seja, distorce a Realidade ("A Realidade é eterna, a Realidade não envelhece, a Realidade não morre etc etc etc...")
4. Estas impressões equivocadas são frutos de percepções transmitidas há várias gerações, mente após mente, baseadas, adivinhe no quê? Nos nossos cinco sentidos!
5. Aí os mais espertos podem focalizar bem o erro, não? As impressões são equivocadas porque partem de um pressuposto errado, o pressuposto sensorial.
6. Pausa para ler o Mestre novamente? Vamos lá...
"No volume 8 de A Verdade da Vida, no capítulo intitulado 'Fundamental Método de Afinação da Mente', falei sobre a 'mente que segue o hábito' ou 'mente que segue a tendência', e expliquei que podemos compará-las a um carro: se o motorista direcioná-lo para um rumo e depois adormecer no volante, o veículo continuará avançando naquela direção até se chocar contra um obstáculo, como, por exemplo, árvore à beira da estrada. Acho que, se compreendermos bem o o que é 'mente que segue o hábito' ou 'mente que segue a tendência', poderemos entender melhor o processo de manifestação dos carmas,. O significado da expressão 'mente que segue o hábito' é o seguinte: A mente, uma vez direcionada num sentido, habitua-se a agir nessa direção e não muda enquanto não receber um estímulo para seguir outro rumo. O pensamento é, por assim dizer, uma voz silenciosa - ou seja, uma vibração mental" (A Verdade da Vida, vol. 15, pg. 188)
7. Coloquei o trecho acima apenas para reforçar o que escrevi acima. Mas, voltando ao que escrevi no ponto 5, sobre o fato do instinto se basear nas impressões captadas pelo nossos cinco sentidos, ou seja, pelo nosso eu carnal, o mesmo volume 15 nos dá, poucas páginas após este trecho, mais precisamente entre pgs. 192 e 193 a estarrecedora conclusão:
"Portanto, todos carregamos alguns carmas desde o momento em que nascemos. A natureza dos carmas são vibrações mentais do passado acumuladas no ser humano (...) Dentre os carmas do passado que trazemos conosco, os principais são (1) a ideia de que o eu carnal é existência reals e (2) aideia de que a matéria existe realmente, as quais constituem a base do egoísmo e da ganância".
8. Sim senhores, se chegaram a mesma conclusão que eu, podemos afirmar convictamente de que nossos instintos são nossos carmas. Se ainda têm dúvidas, comparem estes trechos: "dentro da mente de cada indivíduo, num lugar bem mais profundo do que o da camada do subconsciente que retém os fatos registrados em sua memória desde que ele nasceu, existe o que podemos chamar de 'mente da tendência' (mente que age segundo suas tendências ou hábitos), a qual já vinha trabalhando antes mesmo de seu nascimento neste mundo" com
"A natureza dos carmas são vibrações mentais do passado acumuladas no ser humano". Ou seja, podemos efetivamente encerrar este post com a seguinte equação: INSTINTO = CARMA.
9. Resumindo: Acumulamos vibrações mentais no passado, que neste mundo veio sobre a forma cientifica e asséptica de instinto. Este instinto é gerado por nossa mente do hábito ou mente da tendência, que segue um determinado padrão de pensamento até que alguma coisa seja alterada neste padrão. É nosso arquivo individual, pré-nascimento de conhecimento do mundo, filtrado em nosso aparelho sensorial, logo, de duvidosa, para não dizer falsa, origem.
10. Mas tem mais...
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