Ufa! Depois de uma série de firulas e voltas nesta Revelação, um conceito novo! Dou uma sutra para quem adivinhar qual é a palavra chave desta frase. A menina ali do canto respondeu primeiro: sim, é apego. Agora, perguntemos: o que o apego tem a ver com isso? "Preletor, se a gente oculta o pecado por medo, culpa e vergonha como o senhor já assinalou anteriormente, onde entra o apego aí?"
Primeiramente que senhor é o seu eu fenomênico! Segundamente, vamos entender o que significa "apego", ou o que esta palavra significa neste contexto específico...
Apego nos termos utilizados aqui, nada tem a ver com medo, culpa ou vergonha, pelo menos não diretamente. Esse termo é mais utilizado quando vamos falar em... vícios e repetição, ou seja, círculo vicioso. Refinando mais ainda o pensamento, tem a ver com o carma e a justificativa dos pecados. Espera aí que já explico, tintim por tintim o raciocínio. Vamos a eles:
Quando eu falo em vícios e repetição, eu falo em algo que você já se habituou e que repete frequentemente. Dependendo do que seja pode ser um vício ou uma virtude. No caso do pecado, resta óbvio ser a primeira hipótese.
Quando você entra na espiral de repetição, isso gera o quê? Um círculo vicioso, ou seja, algo do qual fica difícil você escapar, ou mesmo perceber que você está dentro dele (saca aqueles ratinhos que, presos numa gaiola, ficam girando ad infinitum naquela roda, e os bestas aqui imaginando que eles estão se exercitando?)
Aí, quando é configurado um circulo vicioso, qual o próximo passo? Sim, crianças: carma. Você entrou na espiral do carma, aí deu ruim, só transcendendo mesmo. Estão começando a ligar os pontos? Calma aí que falta a tal da justificativa...
Por justificativa entende-se as desculpas esfarrapadas que temos para dizer que o que fazemos não é pecado. Ou seja, negação do ato ou então a sua pura e simples diminuição ou atenuação do ato. Exemplo: "ah, eu fiz isso porque todos fazem".
Agora sigam a equação: j + c + cv = a. Justificativa mais carma mais círculo vicioso gera o apego. E como você se liberta do apego, hein, hein, hein?
Quando você transcende o apego, ou seja, joga sua mente em um outro nível de pensamento.
E dou outra sutra se vocês adivinharem de qual maneira podemos transcender o apego?
Acertou quem disse "jogar luz no pecado".
Pensem bem: se o pecado não existe, por que cargas d´água eu teria que me manter apegado a algo inexistente? Por que eu me basearia minha vida numa crendice, numa superstição, numa falsidade? Porque eu acredito que ele é verdadeiro, e, por ser verdadeiro, acabo dando força para ele, e quase sempre, para não dizermos sempre logo de vez, essa força é... negativa...
Então quando eu tomo vergonha na cara (desculpem minha cruel franqueza) e penso: "ora, eu tô sofrendo à toa, essa situação, este carma que acumulei não existe, então, por que sofrer???"
Em poucas palavras, você acaba de jogar luz para o carma, sobre o pecado. Isso equivale, em última análise, a uma confissão. Mas a confissão pressupõe também você ter um segundo elemento: no catolicismo é o padre, na Seicho-No-Ie um orientador de Meu ensinamento. Mas, como diz o ditado, na falta de tu vai tu mesmo, ou seja, a iluminação não pressupõe testemunhas, você pode chegar a esta conclusão sozinho.
E será uma confissão do mesmo jeito.
Porque a confissão pressupõe sempre um reconhecimento de que algo está errado (ou seja, que você acreditava no pecado) seguido de um arrependimento (ou seja, não mais se prestar a este papel). E para tanto, é desejável, mas não obrigatória, a presença de uma segunda pessoa.
Digamos que esse "desejável, mas não obrigatória" equivale à necessidade da tomada da postura correta dentro da Meditação Shinsokan...
Então, se escondo o pecado (o que em si já é uma justificativa), é porque eu ainda acredito na força real do pecado. E aí o carma deita e rola. Até o momento vergonha na cara. Aí, como diria o Apocalipse, "eis que faço novas todas as coisas"...
Através da confissão!
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