"Como agir quando se ama alguém que não deveria? Se o seu amor for puro, e estiver correto o seu entendimento de que 'não deve amar', precisa afastar-se de tal pessoa. Há várias formas de afastamento, mas, afastando-se, seu amor permanecerá puro, sublimado, e mais tarde você terá a felicidade de poder dedicar o seu verdadeiro amor a alguém que lhe seja permitido amar. Contudo, se entender que não deve amar, mas o seu amor for magnânimo, deixará de existir uma pessoa sequer a quem não possa amar. Afinal, tanto Jesus Cristo como Sakyamuni não amaram a todas as pessoas?
Ah, l´amour, toujours l´amour! Eita sentimento este que se confunde com mil e uma coisas, com os mais variados sentimentos e sensações. Querem exemplos? Amor pode ser considerado: paixão, desejo sexual (sim, há diferenças entre os dois!), apego, amizade, dependência, ou seja, tudo, menos, amor. E, afinal de contas, respondendo à primeira pergunta do prof. Seicho, como agir se ama alguém que não deveria? Pelo desenvolvimento do texto, não se trata de amor carnal, mas amor a alguém que, ou não quer, ou não precisa, ou não se importa com o amor que lhe devotamos. E aí, como agir?
Retornando à nossa velha aula sobre amor. Na cultura ocidental o amor ficou afastado de seu verdadeiro significado, muito embora perceba-se nas entrelinhas o que ele quer significar. Amor significa, na mais refinada das análises, união. Ou, em bom seichonoiês, "eu e o outro somos um".
E podem perceber que nas três grandes fontes religiosas que a Seicho-No-Ie foi buscar sua doutrina o conceito é exatamente o mesmo, senão vejamos:
Xintoísmo: através da expressão musubi, que signfica... união;
Budismo: através da expressão shimuryoshin, ou as quatro virtudes infinitas de Buda, todas relacionadas com o próximo;
Cristianismo: não existe uma expressão como as duas outras, mas, quem se lembra do que o bom e velho JC (aka Jesus Cristo) disse ao lhe ser questionado qual seria o maior mandamento a ser observado? Ele disse dois, na realidade: amar a Deus sobre todas as coisas (aka Verdade Vertical) e amar o próximo como a ti mesmo (aka Verdade Horizontal). Ora, se tenho que amar o próximo como a mim mesmo é porque eu e o próximo somos uma coisa só. Captaram, neófitos?
Em outras palavras, tudo é uma coisa só. Como diriam os latinos: E pluribus unum (Que todos sejam um).
Assim, se conscientizarmos que nosso pior inimigo é um conosco, o que não temos como negar, desejar o mal a ele seria desejar o mal a nós próprios, não seria isso? Taí o amor magnânimo!
Abro um parênteses para ratificar o que o nosso bom e velho Jorge Benjor cantava em "Caramba! Galileu da Galileia": "Se malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem", e parafraseio: "Se malandro soubesse como é bom amar, amaria só por malandragem...". Fecho o parênteses.
Querem mais sobre o amor? Preletor Renato Russo, na mais refinada mistura de I Coríntios 13 com Luiz de Camões, complementará esta pequena palestra...
Podem confessar: é de arrepiar, não? Podem chorar, eu deixo, afinal, o post terminou mesmo...
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