quarta-feira, 15 de junho de 2011

12 - Não Recuses Meu Auxílio

Começamos a entrar na parte em que tinha falado anteriormente, a saber, da tal da onipotência de Deus. Lembro-me, até, de como são engraçadas as coisas: vivemos pedindo auxílio a Deus tanto pelas coisas mais importantes quanto pelas coisas mais idiotas (e, com mais frequencia, nestas últimas: tive que me policiar muito para parar de pedir a Deus que o Flamengo ganhasse esse ou aquele jogo: deixa que o Mengão mesmo resolve, e, quando muito, São Judas Tadeu...). Mas, agora, reflitamos: quantas das vezes Deus quer nos auxiliar e nós, consciente ou inconscientemente, deixamos Seu auxílio de lado? Um monte de vezes, né? Agora, culpa de quem? Ah, de uma coisinha besta, uma palavrinha minúscula, de três letras e duas sílabas muito chata: EGO.
EGO.
É a velha mania de querer resolver tudo com a nossa própria força, ou pior, saber que achamos melhor sobre nossa vida do que o próprio Deus. Vejam bem que incoerência estúpida: vivemos pedindo o auxílio de Deus, mas quando Ele nos apresenta uma ou outra solução, a rejeitamos com a cômoda saída: "Ah, não é isso que eu quero"... ou seja, pedimos, Ele atende e depois rejeitamos. Então, o que a gente quer? Que Ele seja nosso escravo, que Ele reduza Sua sabedoria ao nosso parco conhecimento e faça mágica com nosso destino com as cartas que lhe oferecemos, sem saber do jogo maravilhoso que Ele teria na mão para nos salvar da vala comum da mediocridade espiritual? Isso é apelar verdadeiramente a Deus? Creio, sinceramente, que não.
E vou mais além, muitas vezes este blogueiro que vos tecla - e nisso tenho muita humildade para reconhecer - ajo desta mesma maneira para com Deus. E, se eu deixo agir assim para com Ele, é devido a uma "qualidade" íntima do meu ego, que é a do medo. Meu ego sabe tudo, mas é medroso. Ou melhor, não quer sair da zona de conforto que ele mesmo criou, com suas opções preestabelecidas. Ele é fácil e conveniente, e, assim, ele consegue sempre (ou quase sempre) tudo o que ele deseja para a minha vida.
E quando eu falo de "meu ego", a quem a carapuça servir, esteja à vontade.
Em tudo isso esconde-se uma vontadezinha inconsciente que Freud chegou a arranhar em seus escritos psicanalíticos: da grande necessidade do homem em arrumar um substituto para a figura provedora, do Pai, e descontar tudo, ou melhor, projetar tudo em alguma coisa, ou alguém chamado Deus. E esta, segundo a lógica freudiana, é o grande motivo pelo qual o austríaco quer provar por A + B (ou por ego + id, se assim preferirem...) que Ele não existe.
Eu já penso ao contrário: acho que Deus existe, mas a teologia avaliou um pouco equivodamente a sua figura, como se Deus fosse alguém irascível (lá no início dos tempos) que sabia de tudo, podia de tudo, e que ao menor sinal de contrariedade ao que Ele arbitrariamente dispunha, shazan! um grande castigo viria acometer o ímpio. Mas, os tempos mudaram e o conceito de Deus também mudou. Hoje (graças, em grande parte aos esforços de gente-como-a-gente como Masaharu Taniguchi) temos uma visão de Deus mais amena, mais justa e mais adequada às suas verdadeiras aptidões. Ele pode ser muito bem visto como Amor, e não está errado. Pode ser visto como Sabedoria, que também não estará errado. E, pasmem vocês, até mesmo como Lei, e mesmo assim o conceito dEle não vai estar errado.
Errado está, na realidade, o modo como interpretamos e queremos amoldar a vontade dEle à nossa. Por isso, é que esta frase ecoa com uma atualidade incrível: não recuses Meu Auxílio.

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