... E Da Terra...
Sim, senhores, agora a nossa RD começa a ficar um pouco mais sinistra, como dizem, começamos a adentrar perigoso terreno e amiúde mal interpretado por todas as religiões do mundo... e o assunto desta frase é exatamente uma questão que aflige a todos os religiosos do mundo todo, seja qual for o seu credo, e, por tabela, prato feito para os ateus de plantão tacarem pedra nas religiões: sim, senhores, trata-se da velha questão: Porque Deus permite o sofrimento?
Vejam vocês: esta simples e comprida frase resume toda esta questão. Vamos fracioná-la?
SE ÉS FERIDO POR ALGO: Ou seja, se a sombra da morte do salmo 23 nos alcança, se uma das flechas que o salmo 91 nos avisa, se as mãos do inimigo de que trata a oração de São Jorge ou se os malfeitores da oração de Kannon nos atacam, isso significa o quê? Calma, vocês estão definitivamente muito apressados hoje...
OU SE ÉS ATINGIDO POR MICRÓBIOS: Vai uma doençazinha aí? Não necessariamente todas aquelas desgraças narradas anteriormente vocês precisam atrair, basta apenas uma doençazinha de nada, principalmente causada por micróbios, aqueles serezinhos minúsculos que o Mestre Masaharu Taniguchi tanta tinta gastou para nos convencer que são nossos aliados ao invés de serem nossos inimigos...
OU POR ESPÍRITOS BAIXOS: Já sei, já sei, você não quer uma desgraça nem uma doença, quer ser obsidiado mesmo? Não tem problema. A questão é que sempre quando li este trecho da RD sempre imaginei que espíritos baixos podem ser tanto encarnados como desencarnados, embora acredite que o espírito (sem trocadilho, por favor!) da RD favoreça mais apenas a segunda interpretação...
Ok, se sofremos por algum ferimento, algum micróbio ou algum espírito baixo, (mais alguma desgraça comum que possa atingir algum azarado ser humano?), isso é sinal de quê?
É PROVA DE QUE NÃO ESTÁS RECONCILIADO: Ok, ok, a boa e velha reconciliação de novo, o bom e velho sentimento de unidade para com todas as coisas do universo ou do céu e da terra, conforme a tradução assim o desejar, mas não é só isso...
Lembram-se de que quando tratei, acho que na segunda frase, do tal do ego? Sim, senhores, o ego! A causa de todas as nossas desgraças (pelo menos destas três que aqui foram listadas) é o nosso ego, que deseja, a toda maneira, bradar seu grito de independência perante todas as coisas do céu e da terra, na vã ilusão de se achar mais importante que o Todo!
Leiam esta última frase novamente e pensem na última briga doméstica que vocês tiveram com algum querido familiar seu: um pai teimoso, uma mãe irritante, um filho impaciente. Pensaram? Agora pensem especificamente nos adjetivos que neles lhe colocamos: teimoso, irritante e impaciente.
Agora, mais uma vez, reparem que estes adjetivos quem os colocou não fomos nós, especificamente, foi o nosso tal do ego: nosso ego acha o nosso pai teimoso por ele não concordar com a opinião dele, do ego. Da mesma forma, nossa mãe é irritante por não se amoldar ao conceito do nosso ego do que deveria ser uma mãe e, por fim, nosso filho é impaciente por ele não ter a paciência necessária que o nosso ego imagina que ele deveria ter...
Sacaram a diferença? Todos os conceitos negativos originam-se de nosso ego!
Eu posso ir um pouco mais a fundo nesse conceito, mesmo correndo o sério risco de parecer polêmico? Como a Sílvia abanou a cabeça concordando, prossigo...
Já repararam que esta história de reconciliação e de desta insistente vontade do nosso ego de querer ser apartado do resto da criação divina nos lembra uma história muito conhecida, principalmente da parte do pensamento judaico-cristão? Que pensamento, questionarão vocês. Ora bolas, o pensamento do diabo! Sim, do diabo! O Demônio, o coisa-ruim, o não-sei-que-diga, o canho do pé preto, o duba-dubá, o anhangá tinhoso!
Não, não, mil vezes não! Não quero aqui surtar e comprovar por A + B que o diabo existe ou que a Sutra informa que o diabo existe. Longe de mim dizer isso deste pobre diabo, muito pelo contrário, o que quero provar é que o pensamento de estar apartado da criação, de não estar reconciliado é o mesmo pensamento existente quando vai se falar do diabo. Não entenderam? Deixe-me explicar melhor, ora diabos!
O que todo e bom catecismo católico nos informa sobre o Diabo? Que ele quer ser o adversário de Deus. Que ele se opõe a criação divina. Que ele busca os prazeres baixos, arrastando a humanidade para o vício. Em outras palavras, ele nos arrastaria para o mundo do fenômeno!
Exatamente isso: o diabo não existe como um ser personalizado. Ele é apenas e tão somente um estado mental da humanidade que acredita que a matéria é mais forte do que o espírito, apenas e tão-somente isso! Ou seja, quando nós acreditamos que a matéria pode mais, que nosso ego pode mais, simplesmente nós estamos endemoniados! Em hebraico, Satã simplesmente significa adversário. Nós nos opomos a Deus, apenas isso.
Amigos, receio profundamente não estar sendo claro neste ponto, portanto, vou repetir para ser mais enfático: o diabo é apenas um estado mental em que o nosso ego prepondera sobre o nosso Eu verdadeiro, e prepondera por achar o mundo fenomênico mais forte que o Mundo da Imagem Verdadeira. Em seichonoiês, o diabo é a tal da ilusão, e a ilusão não existe, não tem essência nem substância. Mas, por acharmos que ele existe, somos feridos, adoentados e atacados por espíritos baixos...
COM TODAS AS COISAS DO CÉU E DA TERRA: Olha o céu e a terra de novo! Isso significa que não estamos reconciliados com todas as coisas do mundo fenomênico e da Imagem Verdadeira. Em resumo: se acontece algo ruim em nossas vidas, é porque não estamos efetivamente unidos ao pensamento divino, reconciliados com Ele.
Confesso a vocês que jamais imaginaria que nesta frase pudesse conter a resposta para esta questão que tanto atormenta os religiosos durante tanto tempo: coisas ruins acontecem por não estarmos unidos a Deus.
Mas, cuidado! Tal constatação não pode ser tão simplista assim. Várias pessoas estão conectadas com Deus, mas também acontecem coisas ruins. Mas nossa querida RD esclarece, logo mais, a razão disso, ainda bem que ela não acaba aqui!
Espaço destinado a apresentar ideias da Seicho-No-Ie e discutir temas filosóficos, do cotidiano e religiosos em geral (o que dá quase a mesma coisa!) OBS.: TUDO O QUE EU ESCREVER, POSTAR OU CONJECTURAR AQUI É DE MINHA ÚNICA E EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE, SENDO QUE ESTE BLOG NÃO POSSUI NENHUMA RELAÇÃO COM A ENTIDADE RELIGIOSA SEICHO-NO-IE SALVO A PROFUNDA IDENTIFICAÇÃO QUE TEM PARA COM SUA FILOSOFIA E SEUS ENSINAMENTOS.
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... aqui estou acompanhando.
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