"O ser humano traça o rumo de sua vida como se cria o enredo de uma novela. Toda novela é criada na mente do autor e se desenrola de acordo com o enredo. De modo análogo, cada pessoa determina o rumo de sua vida de acordo com o 'enredo' que ela própria cria em sua mente. No entanto, muitas pessoas pensam que o rumo de sua vida neste mundo não tem nenhuma relação com a sua mente e que seus pais as colocaram neste mundo arbitrariamente.
Mas esse modo de pensar também é um 'enredo', e quem o escreve cria para si um drama da vida no qual parece que tudo lhe é imposto pelos pais e outras pessoas ao redor e que ele leva uma existência comparável à de um escravo. Essa pessoa precisa abandonar de uma vez por todas essa visão equivocada a respeito da vida e passar a ter a convicção: 'Sou filha de Deus, dona de minha própria vida'. Assim, esse 'enredo' se desenrolará em sua vida.
Talvez ela argumente: 'Mas o fato é que meus pais me geraram por vontade deles. Não fui eu que os escolhi'. Quem faz tal afirmação desconhece o segredo do nascimento de uma alma neste mundo. O ser humano não é corpo carnal. O corpo carnal é uma espécie de montaria da alma. Cada pessoa criou a própria 'montaria' pedindo emprestados os componentes físicos dos pais e veio a este mundo com essa 'montaria'. O que determina quem serão os pais de uma pessoa neste mundo são os carmas de ambas as partes, isto é, os atos praticados nas vidas passadas.
E isso se deve ao princípio segundo o qual 'atraem-se mutuamente as almas que carregam carmas semelhantes'. Assim, as almas daqueles que serão os pais e a alma daquele que será o filho se atraem e, como resultado, uma criança nasce no lar de um casal. Portanto, a verdade é que cada parte escolheu a outra, ou seja, as almas dos pais escolheram a alma do filho, e, ao mesmo tempo, a alma do filho escolheu as almas dos pais. Por isso, o filho não é uma 'vítima' nem uma 'criatura passiva', gerada arbitrariamente pelos pais.
A atração mútua dae almas com carmas semelhantes ocorre também entre um homem e uma mulher que se conhecem, se amam e se casam. Mesmo que cada um pareça ter o seu modo de ser, na verdade eles têm carmas para se tornarem marido e mulher, possuem almas semelhantes e a mesma natureza. Por isso, se unem e formam uma família. Se um homem e uma mulher não têm carmas semelhantes, não se unirão em matrimônio para constituir uma família mesmo que mantenham relações carnais durante um período de tempo. O relacionamento deles será superficial e passageiro.
Falei em carmas que propiciam a união entre determinadas pessoas. Mas o que são carma? Carmas são acúmulos dos efeitos de atos praticados; e todos os atos têm como origem o 'enredo' delineado pela mente. Isso significa que do balanço geral dos pensamentos que a pessoa teve no passado surgem os carmas positivos ou negativos, que determinam o rumo de sua vida. Por isso, podemos dizer que o ser humano cria com a mente o seu próprio destino. Desde o nascimento até a morte, e, também na vida logo depois desta e outras posteriores, o ser humano cria com a mente, de modo contínuo, o drama da vida.
Todas as pessoas são protagonistas do seu drama da vida e criam o próprio destino. Bom ou mau estado de saúde, êxito ou fracasso nos empreendimentos, enfim, todas as situações são partes do sucessivo drama da vida que as pessoas criam sob sua própria responsabilidade. O sentido desta vida está em fazer desse grandioso drama uma sequência de cenas de prosperidade, alegria, harmonia e paz, e não de cenas trágicas."
Belo capítulo este;belíssimo, aliás. Passeamos por vários temas interessantes, como a comparação da vida como uma novela, o fato de escolhermos nossos pais e uma pequena e ilustrativa aula sobre o carma. E tudo isso para mostrar o chamado drama da vida, isto é, todo o desenrolar de eventos a que chamamos de vida.
E o que é a vida? Falo de nossa vida cotidiana, como podemos conceituá-la? Um período pré-determinado de tempo no qual existimos neste plano, consciente ou inconscientemente? O que contém a vida? A prosperidade, alegria, harmonia e paz, como informa a última frase do capítulo, ou, como o mesmo período informa, cenas trágicas?
A resposta, caríssimos, está em nós mesmos. A vida é como se fosse um belo e grandioso caderno pautado sem nada escrito. A caneta nos foi dada, falta-nos a escrita. O que escreveremos nela? Qual a cor da tinta da caneta que escreveremos em nosso Caderno da Vida?
Talvez o professor tenha se esquecido de um pequeno detalhe que certamente ele se lembraria acaso ele acrescentasse um ou dois parágrafos a mais em seu capítulo: o chamado livre arbítrio. Sim, porque não podemos mencionar algo como "o drama da vida" sem mencionarmos decentemente o chamado 'livre arbítrio".
Um dos meus primeiros professores na faculdade, Prof. Márcio Schüler, de Economia Política, era metido a filosofar, e, confesso, graças a ele comecei a gostar de Filosofia, assunto antes relegado a quase nada em minha vida. Pois bem, ele uma vez dando aula para nós, disse algo assaz curioso: que a expressão "livre arbítrio" em si é contraditória; que o "arbítrio" em si nunca é livre, sempre é determinado. Caso ele esteja certo, por quem ou qual coisa estaria ele determinado? Questão para pensarmos até o próximo capítulo do livrinho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário