"Existe o ditado: 'A flexibilidade acaba vencendo a dureza'. Essa frase expressa a verdade. O aço é duro e, após forjado, pode se tornar uma espada excelente, de corte excepcional. Mas nem mesmo uma espada da mais alta qualidade consegue cortar todas as coisas. Por exemplo, ela não consegue cortar coisas fluidas, como o ar. Quando o ferro e a pedra se chocam, saem faíscas. Mas o ferro não consegue bater contra o ar, que é um meio fluídico. Tanto o ferro como a pedra jamais conseguem vencer o ar.
Existe outro ditado: 'A água amolda-se à forma do recipiente'. Colocada num vaso quadrado, a água toma a forma quadrada; colocada num vaso triangular, toma a forma triangular, e assim por diante. Graças à sua fluidez, a água se infiltra no solo passando por frestas minúsculas, beneficia todas as coisas, vivifica e sustenta todos os seres.
Também a mulher, contanto que não perca as suas características naturais que são a flexibilidade e a suavidade, consegue introduzir-se sutilmente em todos os meios, vivificar e cultivar muitas coisas, e merecer o elogio de seu uma criatura mais bela e sublime deste mundo, do mesmo modo que o ar e a água são considerados fonte de Vida e tratados como elementos essenciais.
Parece que nos dias atuais, a mulher, que é uma criatura valiosa por ser flexível e suave, insiste no esforço de perder essas características naturais, querendo imitar o homem. Mas, no que concerne à força física, a mulher não consegue rivalizar-se com o homem, por mais que tente. Isso é comparável ao fato de que a água, mesmo que solidifique e se torne um cubo de gelo bastante duro, não será capaz de quebrar um pedaço de ferro. Também o ar, quando perde suas caracterísiticas naturais, não serve para a respiração do ser humano. Por exemplo, o ar líquido é utilizado na fabricação de explosivos.
Existem casos de mulheres capazes de superar os homens na força e na resistência: já surgiram lutadoras profissionais de força surpreendente, mulheres enérgicas atuando no mundo político, ditadoras e tiranas que não hesitaram em destruir muitas pessoas etc. Mas foram casos excepcionais.
Não devemos misturar as particularidades com a generalidade. Se as pessoas tiverem a ideia equivocada de que a libertação da mulher só se consegue com a perda de suas características naturais, a humanidade sofrerá sérios danos, e poderá ocorrer uma grande destruição na Terra.
A característica original da mulher é a flexibilidade, e a do homem é a dureza. Ambos são valiosos por própria natureza. É desnecessário se esforçar em assumir um aspecto que não é natural. No ditado 'A flexibilidade acaba vencendo a dureza' está subentendido que a flexibilidade controla a força, estabelece o equilíbrio e a harmonia. Havendo equilíbrio e harmonia, todos os lares se tornam felizes e, como consequencia, passa a reinar paz no mundo.
O fato de a água amoldar-se à forma do recipiente não a coloca numa posição inferior à do recipiente. Mas isso não significa que é superior. Tanto o recipiente como a água têm o respectivo valor. Ambos são necessários. Se temos água mas não dispomos de recipiente, não podemos transportá-la. Se temos recipiente mas não dispomos de água, não podemos matar a sede.
Esta vida assume um aspecto perfeito somente quando a flexibilidade e a dureza ajudam uma a outra, unem-se e se complementam, contribuindo com as respectivas caracterísiticas. Assim, 'é feita a vontade de Deus, tanto na terra como no céu'. Mantém-se a diferença essencial, mas tanto a flexibilidade quanto a dureza são igualmente respeitadas e valorizadas."
Belo trecho este, ainda mais para mim, que no final de setembro darei palestra no Departamento Feminino e, confesso, pouco sei ainda sobre alguns aspectos da feminilidade dentro da SNI. Mas este capítulo nos dá algumas mostras do que vem a ser. Entretanto, cabe aqui algumas reflexões interessantes, acompanhem:
1. Muito embora o professor Seicho tenha tecido as mais altas loas às características da flexibilidade e da dureza, ele excetua, em especial do lado feminino, algumas situações em que flexibilidade e dureza não necessariamente sejam aspectos femininos e masculinos, respectivamente, o que corrobora a tese da SNI de que é preciso abolir o "tem que ser assim";
2. Outro ponto interessantíssimo a meu ver é a paridade de condições que a SNI concede ao homem e a mulher, em suas características básicas, a saber, a necessidade de ser duro e a necessidade de ser flexível. Reparem ainda que o capítulo realça mais o aspecto da flexibilidade, o que significa que é um capítulo que resgata esta importante condição feminina, a de amoldar-se às situações. Amoldar-se, neste ponto, assemelha-se muito ao chamando hainikopon, a aceitação de tudo e à submissão ao centro, no caso o homem (soa machista, e amiúde é machista, no sentido de aceitar o homem como o cabeça do relacionamento, do ponto de vista feminista);
3. Por fim, uma reflexão extra-texto: por que razão Deus ou a gente, no mundo fenomênico, criou a dualidade? Se num nível maior somos todos um perante Deus, aliás, somos um COM Deus, porque quando descemos a este mundo existe a bipolaridade: dois sexos, dois pólos, duas caracterísiticas, o bem e o mal, espírito e matéria? Em alguns casos, um complementa o outro, em outros, um anula o outro. Porque será isso? Reflitamos um pouco. Quem souber a resposta, por favor, comente neste blog!
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