"No mundo democrático e livre, circula uma enorme variedade de publicações. As ideologias e as religiões também são totalmente livres. Nessa circunstância, a população recebe, pelo poder das palavra, a influência das mais variadas ideologias e de diversos modos de pensar que se propagam neste mundo. Estão à disposição de qualquer pessoa vídeos de origem suspeita, e as revistas publicam uma profusão de fotografias de natureza erótica.
Quando as pessoas ficam à mercê do poder das palavras que chegam de todos os lados, acabam se sentindo desorientadas e não sabem o que aprender, em que acreditar e o que observar. Assim, muitas pessoas são atraídas pelas coisas mais excitantes, fáceis de conseguir e de baixo custo, e acabam sendo influenciadas por elas.
Nessa situação, é de suma importância que as pessoas se esforcem em ouvir a 'voz verdadeira' que soa no âmago de todo ser humano, em vez de se deixarem levar pelos desejos.
Os desejos são componentes do corpo carnal, assim como os softwares são componentes do computador, e têm como finalidade propiciar a preservação e o desenvolvimento do corpo e também a procriação. Não confundamos o desejo com o verdadeiro anseio da alma. Não nos deixemos levar pelo desejo, pensando somente em satisfazê-lo. É preciso fazer com que o verdadeiro anseio da alma controle e domine os desejos.
Por mais que busquemos a satisfação dos desejos, isso não nos levará a vivenciar a verdadeira alegria. Quantas são as pessoas que, entregando-se aos prazeres mundanos e às vontades egoísticas, chegaram a uma situação difícil, prejudicaram a saúde e fracassaram na vida!
Ao conhecermos o ensinamento de que 'o verdadeiro ser humano não é o corpo carnal, e sim a natureza divina, o ser autônomo que usa o corpo carnal como instrumento para realizar seus propósitos', passamos a prestar atenção à voz da nossa natureza divina e empenhamo-nos em manifestar cada vez mais o nosso Eu verdadeiro.
Assim, deixamos de ser arrastados pelos desejos e passamos a agir de acordo com sentimentos corretos tais como amor, senso de justiça, espírito de gratidão etc., procurando expressar cada vez mais o verdadeiro anseio da alma. Em outras palavras, procuramos revelar a beleza espiritual, oculta por trás da superficial beleza sensorial. Efetuando treinamento nesse sentido, percebemos que se revelam cada vez mais claramente o verdadeiro anseio de nossa alma, o belo, a verdade e o bem inerentes a nossa natureza divina. Em consequência, descortinamos uma vida realmente digna de filhos de Deus.
A alegria de exteriorizar a natureza divina é uma infinita exultação da alma. Ao contrário dos prazeres mundanos, que são efêmeros e acabam causando a ruína do corpo, o regozijo da alma é eterno; e, quanto mais exteriorizarmos a nossa natureza divina na vida cotidiana, mais alegria proporcionamos à nossa alma. O nosso viver se torna infinitamente radioso e vibrante, cheio de emoções. A prática espiritual para exteriorizar a natureza divina é muito mais prazerosa do que o uso de estimulantes.
O regozijo da alma jamais diminui, amplia-se infinitamente extinguindo as dificuldades e os obstáculos aparentemente intransponíveis. Esta vida não é algo fixo e imutável; na verdade, é simples 'projeção' da mente e, portanto, podemos moldá-la livremente."
Se não me falha a memória, na Introdução do Livro dos Jovens o Mestre Masaharu Taniguchi nos fala da voz interna, da nossa consciência. Pois bem, este capítulo nos fala exatamente desta voz.
Lembro-me também da introdução (prefácio) do outro livrinho que estudamos, acho que "O Modo Feliz de Viver" em que o professor Seicho nos informa que a verdadeira alegria é a espiritual.
E hoje, lendo o volume 8 da Verdade, para minha próxima palestra, deparei-me com uma expressão assaz aparentemente contraditória do Mestre, ao nos dizer que a verdadeira alegria que temos de sentir é a "alegria séria" e não a frívola.
E que alegria séria seria essa? A alegria do espírito. Leiamos de novo o capítulo: a prática espiritual para exteriorizar a natureza divina é muito mais prazerosa do que o uso de estimulantes. Entretanto, poucos sabem disso, e porque?
Acredito (é só palpite, estou no achômetro) que seja por um pequeno detalhe: o caminho espiritual está na vida cotidiana. Não está nos retiros espirituais, nas idas a Ibiúna (embora, confesse, estou com uma saudade danada de ir para lá...). Está no cotidiano, no dia a dia, no seikatsu japonês. E muito pouco percebemos esta verdadeira dimensão da religiosidade, na prática diária. E, por isso, acabamos nos conformando à mera ritualística dogmática das missas, cultos, reuniões em apenas um dia específico na semana, e imaginamos que lá, e apenas lá, seremos religiosos e pios, achando que para Deus nossa presença lhe bastaria para dar as benesses do restante da semana nossa de cada dia...
Impio engano, caros leitores. Pouco se dá para Deus o fato de irmos ou não a tais lugares. Reuniões de tal natureza servem apenas como lembretes de nossa verdadeira natureza espiritual, senão vejamos: o católico não se sente mais católico ao tomar parte na eucaristia, quando ele se vê simbolicamente como um dos doze apóstolos sentados na fatídica sexta-feira, 12 de Nisã pelo calendário judaico? Apenas exemplifico isso, para não me alongar nas preces budistas, orações muçulmanas (estes sim, lembram-se de Deus cinco vezes AO DIA!) e tutti quanti?
Na-na-ni-na-não! Religião, como ensina o zen, é cotidiano, é dia a dia, é pegar sua tigela após a refeição e lavar. Em outras palavras, é ter a consciência plena de Deus em tudo o que fazes, pois tudo o que fazes não és tu o autor, e sim, Deus. Duvidas disso? Então recites o Canto Evocativo de Deus, torii para o Shinsokan, e depois me diga se estou ou não certo!
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