quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Palestras da Semana da Paz

PALESTRA – SEMANA DA PAZ – 01.09.10
1A PALESTRA – O SOL BRILHA A TODO MOMENTO – O PRINCÍPIO DO RELÓGIO DE SOL – PG. 85-103 – MASANOBU TANIGUCHI
O mal não é existência verdadeira
Na Seicho-No-Ie, chamamos de Imagem Verdadeira ou Realidade ao mundo tal qual Deus o fez. E pensamos que, por ser Deus o bem, o amor, a sabedoria infinita (onisciência), a capacidade infinita, Ele fez este mundo utilizando Suas sabedoria e capacidade infinitas, de maneira que todas as criações convivessem mutuamente bem, concretizando assim “um mundo bom”, “um mundo para se amar”. E, portanto, com o pensamento de que a Imagem Verdadeira e a Realidade criadas por Deus sejam o bem no seu todo, declaramos que “a Imagem Verdadeira é unicamente bem”. “Unicamente bem” significa que “não há nada que não seja bom” (...) o que quero dizer aqui é que não é, de modo algum, especial o pensamento de que, num outro lugar distinto deste “mundo material” que tão bem conhecemos, existe um mundo completo, feliz regido por um Ser sagrado como Deus, Buda. Se há algo especial no ensinamento da Seicho-No-Ie (eu não penso que seja especial), seria o fato de pensarmos que tal local denominado céu, mundo de Deus, terra pura ou reino búdico é que é o verdadeiro mundo, e que qualquer outro mundo não seria verdadeiro (existência verdadeira) e não existiria de fato, por não ser uma criação de Deus.
A Imagem Verdadeira do mundo é unicamente bem. No entanto, mesmo compreendendo isso por lógica ou suposição, poucas são as pessoas que, ao rever a própria vida, possam afirmar categoricamente “Realmente, no mundo existe unicamente o bem” (...) Significaria isso que Deus tenha feito, além da coisas boas, também as ruins?
Se a resposta a esta pergunta for afirmativa, então será preciso responder às seguintes perguntas:
Pergunta: Se Deus criou o mal, não seria errado afirmar que “Deus é bom”?
Resposta: Deus é bem, mas Ele utiliza o mal como um meio ou método para buscar a realização de um bem ainda maior.
Pergunta: Se Deus criou o mal, ainda que seja para utilizá-lo como um meio ou método, o mal seria algo necessário para Deus e para o mundo. Sendo assim, aniquilar o mal implicaria contrariar a vontade de Deus e, consequentemente, o homem não deveria rejeitar ou tentar eliminar o mal.
Resposta: O bem consiste em o homem buscar o bem e desejar aniquilar o mal. Justamente para conduzir e extrair o bem é que existe o mal.
Pergunta: Se assim for, ao destruir o mal, deixará de existir a oportunidade para o bem se manifestar. Então, tentar extinguir o mal estaria de fato contra a vontade de Deus?
Resposta: Tentar extinguir o mal está de acordo com a vontade de Deus, mas aniquilar totalmente o mal não o está.
Pergunta: Tentar extingui-lo sabendo que não deve aniquilá-lo totalmente? O homem não seria capaz disso.
Resposta: O mal não desaparecerá, por mais que o homem assim deseje e se esforce para tal. Portanto, o esforço para tentar extinguir o mal continuará eternamente. Com isso, o bem também continuará eternamente.
Pergunta: Não seria o contrário disso? Deus, sendo onipotente, não deveria conduzir a bondade do homem através do mal, mas sim, desde o princípio, criar um mundo monístico do bem. Se o bem somente se concretiza criando o mal e mantendo sob sofrimento as Suas criaturas, inclusive o homem, então não se pode dizer que Deus seja onipotente. E também: o pensamento de que o bem se realiza submetendo as criaturas ao sofrimento não difere muito de sadismo.
Resposta: Deus é um Ser que está acima da nossa compreensão. O verdadeiro bem, a vontade de Deus não estão ao alcance do pensamento humano. Não nos é permitido tecer críticas através da nossa limitada inteligência humana.
A discussão acerca de “Por que existe o mal, se existe Deus?” segue, desta forma, interminável (...) Por outro lado, passa a ser necessário respondermos à pergunta : “Onde está o tal mundo em que existe unicamente o bem?. E a resposta é “Está aqui e agora”.
Certamente, muitos não se sentirão satisfeitos com essa resposta. Lançarão indagações dizendo “Aqui, onde?”, apontarão diversos fenômenos ruins deste mundo material e dirão: “Chama isto de bem? E aquilo, é bem?”. A resposta para isso seria: “O mundo verdadeiramente existente transcende os sentidos do homem”. Em outras palavras, “O mundo que o homem chama de mundo real não existe de verdade, pois é um mundo projetado na mente humana”. No meio religioso se diz que “o mundo é reflexo da mente” ou que “o mundo fenomênico é manifestação da mente. Este é o pensamento de quem segue alguma corrente budista, principalmente.
O mundo material criado pela mente
Na parte I, discorri que o mundo que acreditamos que “esteja aqui”, com base nos nossos sentidos, é na verdade “criado pela nossa mente”, num duplo sentido. Primeiramente, os órgãos sensoriais efetivam a percepção, e em seguida, através da mente, é dado significado a uma parte desta informação captada. Utilizando termos da Psicologia, aquilo que foi percebido passa a ser reconhecido de forma seletiva1. Ou seja, o mundo que conhecemos como real não é a realidade no sentido original da palavra – um fato ou uma situação atualmente existente como fato (dicionário Daijirin) – , e sim uma obra mental que (1) passou pela percepção dos sentidos e (2) foi selecionada pela mente e ganhou significado. Em outras palavras, “o mundo concreto ganha forma conforme a percepção e a mente do homem”. Mesmo que se note a existência do mal neste mundo concreto, isso não passa de parte da obra mental. Por isso, na primeira parte do livro defini o mal da seguinte forma: o que chamamos de mal não existe como substância, ou, antes, é projeção exterior da força de negação (sentimento de rejeição) que surgiu na mente de quem está avaliando (...) trata-se de uma falsa impressão: apesar de ter sido gerada internamente na própria mente, buscou-se a causa no exterior e chegou-se à conclusão de que “ali está”. (...) o mal é algo incerto que não se sabe se existe ou não (...) e também o mal, por ser produto da subjetividade do homem, não se trata de criação de Deus. O que não foi criado por Deus não existe no mundo verdadeiro (Imagem Verdadeira). Portanto, o mal não existe (...) Na Seicho-No-Ie, pensamos que, ao reconhecer e manter firme na mente o aspecto luminoso da vida, a verdade, o bem e o belo, que já existem na Imagem Verdadeira (mundo verdadeiro), eles são naturalmente projetados neste mundo (mundo criado pela mente).
Contrariamente a isso, o mundo tem praticado amplamente um modo de vida no qual se concentram as atenções no lado obscuro e negativo do mundo material, gravando-o profundamente na mente.2 (...) assim como já foi dito, o mal é manifestação exterior do sentimento de rejeição gerado na mente das pessoas e, portanto, conforme o modo de pensar e de entender a questão, a intensidade do mal será diferente, podendo até vir a se tornar um bem.
O pensamento necessário para viver segundo o Princípio do Relógio de Sol
Conforme expliquei detalhadamente na primeira parte, o Princípio do Relógio de Sol é o modo de viver que ajusta o foco da nossa mente ao aspecto alegre da vida (...) Por isso, é muito importante não apenas pregar a teoria e o princípio, mas agir concretamente na vida cotidiana (...) para gravar fortemente algo na mente, é mais eficaz o método de se movimentar – pegar uma caneta, abrir um caderno ou um diário e registrar por escrito – do que simplesmente reter na mente. Se puder registrar isso em forma de romance, peça teatral ou blog, será possível transmitir a alegria da vida para muitas outras pessoas (...) Que tal o leitor registrar seus momentos optando por uma área do seu intersse, ou área em que se sente especialmente hábil? Contudo, há algo que deve ser lembrado nessa prática. É o fato de que o Princípio do Relógio de Sol não se trata de simplesmente ignorar o mal ou esconder a sujeira debaixo do tapete. O Princípio do Relógio de Sol é uma prática de vida baseada em duas premissas religiosas (ensinamentos): da “Imagem Verdadeira da existência única de Deus” e de que “Este mundo é manifestação da mente” (...) O Princípio do Relógio de Sol não é uma fuga do mal, mas vislumbra o bem no âmago daquilo que aparenta ser mal; Sendo o mal um estado negativo em que o bem não está plenamente exteriorizado, e por saber que por trás dele existe o bem, não surge o temor que nos faria desviar os olhos. Não é a existência ativa chamada mal que existe ali apenas aparenta ser mal a falta de existência do bem. Assim como não existe uma substância chamada escuridão, apenas enxergamos como tal a ausência de luz. A solução para eliminar a escuridão não é desviar os olhos dela, mas retirar aquilo que está encobrindo a luz, e deixá-la brilhar.
Vamos praticar o Princípio do Relógio de Sol
Não há uma “forma” previamente determinada para ver somente os aspectos iluminados da vida. Assim como há infinitas variações para o modo de elogiar as pessoas, há também infinitas maneiras de elogiar a vida. Se o presente livro conseguir aclarar parte dessas variações, isso representará, para mim, uma alegria sem igual.
2A PALESTRA – AS LIÇÕES DA NATUREZA – CAMINHO DE PAZ PELA FÉ – PG. 53-56 MASANOBU TANIGUCHI
Assim como o prof. Seicho Taniguchi tem demonstrado diversas vezes, a Seicho-No-Ie não adota a postura fundamentalista. Sem a premissa “A Verdade pode ser expressa em palavras na medida exata, ao pé da letra”, é impossível estabelecer o fundamentalismo. Pois, sem isso, não se pode reconhecer cada palavra, cada frase do livro sagrado como sendo a Verdade. Entretanto, é possível expressar a Verdade de infinitas formas, e vieram sendo usadas diversas formas de expressá-la, de acordo com o tempo e o local em que foi pregada. Expressando isso em outras palavras, significa que, em outro tempo, outro local e outra pessoa, a mesma Verdade será expressada de outras formas. Em suma, as palavras, em si, não conseguem expressar a Verdade de modo perfeito. É o mesmo pensamento do zen-budismo que diz furyomonji (é impossível expressar a Verdade por meio de palavras escritas ou faladas, só sendo possíel transmiti-la de mente para mente).
Mas, infelizmente, na Seicho-No-Ie também parece haver pessoas que pensam de modo fundamentalista. Penso que isso ocorre em todas as religiões, e eu também recebo, de vez em quando, cartas de pessoas que pensam de modo fundamentalista. São cartas de advertência, do seguinte teor: “O mestre Masaharu Taniguchi escreveu tal coisa em tal lugar, e a Seicho-No-Ie precisa colocar isso em prática agora. No entanto, você não o está colocando em prática. É falta de estudo”. Entretanto, esse modo simplista de pensar não é suficiente a um movimento religioso.
Na Natureza há mudanças, mas essa mudanças seguem uma linha lógica, e o nosso movimento também – como toda atividade vital – vai se desenvolvendo, mantendo aquilo que é imutável dentro das mudanças. Esta é a imagem da Natureza. Há pouco, o diretor presidente disse “Hoje é a 17a comemoração da sucessão da Suprema Presidência da Seicho-No-Ie”, mas penso que muitas pessoas estejam se lembrando das palavras ditas pelo prof. Seicho Taniguchi na ocasião em que ele assumiu a Suprema Presidência, neste mesmo local, Kensaiden3 do Templo Matriz: “Não vou repetir, tal e qual, tudo aquilo que o mestre Masaharu Taniguchi escreveu e disse”. Este é o pensamento da Seicho-No-Ie. Isso é necessário para que a Seicho-No-Ie não caia no fundamentalismo. E eu, que estou sucedendo os ensinamentos do Supremo-Presidente, também pretendo manter esta posição.
A Verdade desenvolve-se dentro das circunstâncias de constantes transformações, de um modo que corresponda a essas mudanças. O nosso Movimento também é assim, como também são os órgãos de divulgação. Há pouco, comentou-se sobre a internet. Se não der tempo de divulgar algo em revistas mensais, pode-se usar outros meios, sem qualquer inconveniência. É infundado pensar “O mestre Masaharu Taniguchi divulgou a Verdade usando as revistas mensais e, portanto, não se deve editar um jornal diário. Usar a internet, então, é inadmissível”.
Tendo como oportunidade a data de hoje, renovo o desejo de ir colocando em prática a nossa missão de filho de Deus, entendendo e comprovando os ensinamentos da Natureza: “Expressar algo passando por constantes transformações” e “So quando houver diversidade, esse algo se aproxima da expressão do mundo da Imagem Verdadeira”. Desejo que os senhores também vivifiquem cada qual a posição que ocupam agora e desenvolvam um Movimento de Iluminação diversificado.
1No livro “Quem Somos Nós” aparece um dado interessante: “Consideremos que só temos consciência de 2 mil bits de informação em 400 bilhões de bits de informação que processamos por segundo... como podemos saber tudo sobre todas as coisas que ignoramos?”
2O próprio Mestre Masaharu Taniguchi já alertava contra isso no volume 17 da Verdade da Vida, pg. 41: “A Seicho-No-Ie surgiu para enaltecer e louvar a humanidade, justamente porque no mundo atual proliferam palavras negativas a respeito do ser humano. Os jornais noticiam com sensacionalismo os casos de homicídio, agressão, assalto etc., porém, quando se trata de uma boa ação praticada por alguém, cita-a apenas em poucas linhas. Em geral, os meios de comunicação dão destaque a más notícias, esquecendo-se de divulgar palavras positivas. Isso equivale a conduzir a humanidade para a treva, pelo poder das palavras negativas. Foi com o intuito de combater energicamente tal tendência que surgiu o Movimento de Iluminação da Humanidade, da Seicho-No-Ie”. Compare este trecho com o prefácio do livro do professor Masanobu, em especial pg. 10.
3Kensaiden Refere-se ao santuário Chingo Kokka Shutsu Ryugu Kensaiden construído no Templo Matriz da Seicho-No-Ie e inaugurado no dia 21 de novembro de 1978.
PS.: Para encerrar a palestra, li, ao final, a belíssima Oração para Contemplar as Graças de Deus nas Obras da Natureza, do livro "Orações Diárias", pg. 78-83, do mesmo professor Masanobu Taniguchi, a qual recomendo enfaticamente a leitura, por se tratar de feliz síntese destas duas palestras.

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