sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Falando em Dawkins...

Leiam o tracho abaixo, pg. 247/248, logo abaixo vêm os meus comentários...

"A consciência espiritual é uma 'mentirinha inofensiva da natureza', um mecanismo selecionado em nossa espécie para aliviar a ansiedade debilitante causada pela consciência da morte. Mas a natureza programaria uma espécie, embutindo nela uma mentira? Verdade, mentiras, realidade. Esses são conceitos humanos que não têm nada a ver com a maneira pela qual a natureza nos formou. O proceso de seleção natural não se importa com ideias humanas como 'real' ou 'verdadeiro'. O único impulso da natureza é criar um organismo mais capaz de sobreviver, que possa transmitir seu material genético a futuras gerações. Nada mais que isso. Como Richard Dawkins, autor de O gene egoísta, disse: 'Nós e todos os outros animais somos máquinas criadas por nossos genes. Somos máquinas sobreviventes, veículos-robôs programados, cuja tarefa é preservar as moléculas conhecidas como genes'".

E mais este, tirado do mesmo livro de Dawkins, citado em pg. 253/254:

"Se quisermos construir uma sociedade em que os indivíduos colaborem para o bem comum generosamente, sem egoísmo, receberemos pouca ajuda de nossa natureza biológica. Tentemos ensinar generosidade e altruísmo, porque nascemos egoístas. Vamos tentar compreender o que nossos genes egoístas estão tramando, porque, então, poderemos ter uma chance de estragar seus planos, algo que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer".

Prontos?

1. Primeiramente, "mentirinha inofensiva" é uma pinoia! Quantas mortes ocorreram no mundo, quantas noitas de São Bartolomeu a humanidade passou por conta desta mentirinha inofensiva?
2. O autor resume neste trecho, e logo depois, ao citar Dawkins pela segunda vez, tudo o que eu queria saber da obra. Ou seja, as trezentas páginas dele se resumiram, no que me interessava, em apenas essa meia página... e respondeu a mais uma de minhas indagações feitas anteriormente, que é o fato da natureza nos iludir. Ele põe a culpa, primeiro, em nossos conceitos humanos e na visão aterradora de que não temos um pingo de livre arbítrio, somos máquinas escravizadas por nossos genes... tem gente que adora pensar assim...
3. Quanto aos conceitos humanos, retruco dizendo que, se são humanos, são tão instintivos quanto o instinto religioso, assim, conceitos como verdadeiro e falso podem muito bem serem falsos, deste ponto de vista... mas o conceito de falso e verdadeiro, pelo menos para mim, se liga ao instinto da Verdade, do Bem e do Belo, a Santíssima Trindade dos atributos divinos, que desde Platão vem elucidando as características divinas...
4. Quanto ao fato de sermos máquinas de gens, isso explica o fato de odiarmos homossexuais, por exemplo, por eles não quererem transmitir seus genes para a posteridade... entre outras aberrações plenamente justificáveis e corretas, deste ponto de vista...
5. Mas, eis que nosso bom amigo Dawkins, tal qual um evangelista ateu, se é que tal paradoxo possa existir, nos vem com a luz: nós temos a chance de estragar os planos dos genes, coisa que nenhuma espécie fez anteriormente.
6. Peço que leiam novamente o trecho, que repetirei para os preguiçosos: "...poderemos ter uma chance de estragar seus planos, algo que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer..." Pensem bem no que ele falou. Leiam e releiam a frase, e vejam se a conclusão que vocês chegaram é a mesma que a minha...
7. ORA PIPOCAS, ESSA CHANCE DE ESTRAGAR OS PLANOS DOS NOSSOS INSTINTOS MAIS GENÉTICOS DE EGOÍSMO NÃO É A AMBIÇÃO DE TODA RELIGIÃO SÉRIA? Não seria este o objetivo de toda religião, nos tornarmos melhores, nos religarmos a Deus, esquecendo do fenômeno, dos genes e de tudo o mais que seja material?
8. Se é isso, onde está a originalidade ateia? Só posso mesmo concordar com o Mestre, em vários de seus livros, de que mesmo o ateu, no fundo no fundo, é um espiritualista, pois, do contrário, como entender esse anseio de Dawkins senão como uma velada tentativa de nos tornarmos seres melhores, em busca da Verdade, do Belo e do Bem?
9. Ou seja, tudo flui para o mesmo caminho, apenas com linguagens diferentes. Deste modo, a única coisa que posso dizer é que o ateu mais arraigado também procura dentro de si instintos que só o que ele mais renega pode lhe dar...
10. Assim, vou eu lá ter medo ou rejeição a um ateu? Nada disso, no fundo no fundo, ele é tão religioso e íntegro como eu, mas Deus, este ser grandioso porém humilde, não quer aparecer tanto, deve ser para não dar tanto na pinta...

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