Continuando no campo das reflexões, comento agora o tardio reconhecimento, pelo STF, das tais uniões homoafetivas, que os mais puristas insistem em eufemizar o tal do casamento gay. Digo tardio por parecer que aquele areópago somente agora descobriu a roda, no sentido de legitimar o que há tempos já existia, a tal da união gay. E o que tem isso a ver com o tópico acima?
Bom, enquanto os Ministros confabulavam sobre tão espinhoso tema, eis que vejo uma declaração de um religioso (não vou aqui citar de qual igreja, dou a vocês o ônus de procurá-la), dizendo que tal decisão "destruiria a família", e outras afirmações quejandas. É nesse ponto que desejo chegar.
Meus caros, a família jamais se destruirá por nenhum motivo destes, et le saviez-vous le pourquoi? Porque ela parte de uma necessidade básica, primal e primitiva do homem desde que ele era um rude Neanderthal: o homem precisa de outros homens (ou outras mulheres), pois ele é um animal social. Lembram-se do Gênesis, "não é bom que o homem esteja sozinho"? Pois é mais ou menos por aí.
Ah, objetam os senhores, mas estamos falando de uma família composta de um homem e uma mulher. Bem, neste ponto, recomendo a quem interessar possa dar uma google no tema "família monoparental" para saber um pouco mais sobre esta outra aberração familiar, que é a família composta por apenas uma pessoa (digamos que narcisista, suponho). Nem por isso há tamanha grita entre os religiosos pundonorosos de plantão...
Mas uma família composta de dois homens ou duas mulheres é certamente uma aberração, continuam. Olha, neste particular, realmente não tenho muito conhecimento prático sobre o assunto (e duvido profundamente se minha nem tão liberal mas sempre augusta esposa conceder-me-ia permissão para estudar o assunto in loco), mas...
Na minha opinião (vejam bem, não estou colocando SNI no meio e sei que pode haver muito preletor por aí que vai olhar de cara feia para minhas ideias), eu acho que quem vê dois homens ou duas mulheres numa família atém-se apenas ao tal do corpo carnal, atém-se apenas à matéria. Pois, como disse anteriormente, espírito não tem sexo, que é algo unica e exclusivamente fenomênico.
Ora, direis, então o que são, o que pretendem estes "casais"? Eles pretendem evoluir na escola da vida, e precisam passar por estas lições fenomênicas, sejam como homo, sejam como hetero.
Ah, sim, entendi, então deveríamos ter compaixão destes "casais"? Necas de pitibiriba. A RD da Grande Harmonia já dizia: "ser tolerante ou ser condescendente não significa estar reconciliado como todas as coisas do céu e da terra". Assim...
Insistindo na metáfora escolar, minha augusta senhora cursa o terceiro de dez semestres do curso de História. A uma pessoa que entra no primeiro semestre ela deveria ter pena? E uma pessoa que estaria no quinto semestre deveria ter compaixão de minha augusta e histórica senhora?
O que existe nesta vida, e que os preclaros cidadãos religiosos não entendem é que existem níveis diferentes de aprendizado nesta vida. Cada um vem neste mundo com seu uniforme (corpo carnal) e aptidões distintas. O aprendizado vem no decorrer do curso e a nota final só quando o abandonarmos. E, meus queridos, de uma coisa lhes posso muito bem adiantar: nesta escola da Vida nosso curso ainda é o primário. Pois, espiritualmente falando, somos ainda crianças da mais tenra idade. E, como várias crianças ainda pouco polidas moralmente, somos cruéis com quem é diferente. Isso agora virou moda com nome bunitim: bullying, coisa que na minha época e antes também sempre existiu. Somos crianças ainda! E vários dos religiosos que admiramos, independentemente da corrente religiosa que pregam, são pré-adolescentes ainda, chamando de bigode aquela penugem chamada buço, mas que ainda têm muito, muito o que aprender...
Agora, uma questão final: se estamos ainda no primário, quando chegaremos à Universidade? Calma, meus queridos, nós um dia chegaremos lá! Afinal, estamos ou não no Lar do Progredir Infinito?
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