domingo, 8 de maio de 2011

Da Trigésima Segunda Palestra

E, conforme o prometido, eis-me aqui com o relato de minha trigésima segunda palestra, hoje, na Regional, Reunião dos Juvenis. Foi bom, e eu, que pensava que não conseguiria falar para as crianças, em alguns momentos consegui (!) ser mais infantil que eles (!!). Pelo menos acho que consegui passar o recado. Para quem não participou (ou seja, creio que todos) aí vai o resumo:

PALESTRA – 08.05.2011 – AOS QUE BUSCAM A PROSPERIDADE – PROF. SEICHO TANIGUCHI – PARTE II – CAPÍTULO 2 – PG. 54 - 62


2 – Não odiar

Odiar é perder

Nada de bom acontece quando as pessoas se odeiam. Suas alegrias desaparecem, e elas não conseguem utilizar toda a sua capacidade que possuem porque consomem a própria energia com ódio, disputa e preocupação. As horas de lazer em companhia dos familiares não são agradáveis, e também não há uma dedicação integral ao trabalho.
O ódio é prejudicial sob todos os pontos de vista. Por que, no entanto, pessoas continuam a cometer a estupidez de odiar e maldizer entre si? Talvez porque essas pessoas não etejam convencidas de que o ódioo só traz prejuízo a elas mesmas. Ou talvez elas saibam, mas o sentimento acaba sendo dominado pelo ódio.
Mas o ser humano não é assim tão frágil e desprezível. Controlar a emoção e acabar de vez com sentimentos de ódio e raiva é perfeitamente possível. Isto porque o homem é dono de si mesmo e ninguém, nem outras pessoas nem outros seres, consegue dominá-lo.
Muitas vezes porém, o homem não utiliza esta força que possui como dono de si próprio. E não é só isso. Provavelmente não usa sequer a centésima parte de sua real capacidade. O ódio é uma das causas que impedem de desenvolver plenamento a potencialidade interna.
Uma pessoa odeia outra quando se sente prejudicada. Em outras palavras, quando sente que é infeliz. Ninguém que esteja plenamente satisfeito e feliz odiará seu semelhante. Aquele que se sente infeliz restringe em si mesmo a maravilhosa capacidade interna, e se torna mais infeliz por isso.

O caso de uma nova construção

Procure, pois, eliminar o ódio e o rancor de seu coração. Você não perderá nada se o fizer. Pelo contrário, surgirão sucessivos acontecimentos maravilhosos e, sem o saber, você se tornará uma pessoa muito feliz.
Na rua Tomioka, cidade de Hakodate, em Hokkaido, reside o sr. Mitsuo Tonosaki, de 38 anos de idade, que dirige com muita energia uma empresa de construção. Certa vez, porém, ele odiou profundamente um cliente seu.
No outono de 1977, recebeu o pediodo para construir a residência do presidente de uma certa empresa. O sr. Tonosaki aplicou o melhor que pôde na obra, mas o cliente começou a fazer pedidos que não constavam do plano original. Na maioria eram exigências pessoais e descabidas que oneraram muito o custo da obra, além de comprometer o prazo de entrega. No entanto, o cliente não concordava em pagar mais nem admitia o atraso. O sr. Tonosaki tentou contratar mais mão-de-obra e aumentar as horas de trabalho, mas o cliente não permitiu. A entrega da obra, por isso, atrasou muito. Quando lhe foram cobrados 12,8 milhões de ienes, o cliente alegou que não era o valor combinado e não pagou. O sr. Tonosaki insistiu diversas vezes, com paciência e delicadeza, mas o cliente não o atendia e assim ele acabava explodindo de raiva e insultando o outro.
Chegou o fim do ano, prazo para o pagamento do pessoal da obra, mas o sr. Tonosaki não tinha dinheiro. É a pior situação que pode ocorrer a um construtor. Resolveram ir todos juntos até o cliente e implorar pelo pagamento.

Um ódio insuportável

O cliente os recebeu desta maneira: “Estamos muito ocupados neste final de ano e não queremos ouvir conversa fiada. Voltem depois do Ano Novo!”. Mas era impossível chegar a tal data sem dinheiro, porque havia mil contas a pagar. Todos imploraram o quanto puderam, mas em vão. Era um cliente odiento e incompreensível. O sr. Tonosaki foi beber, furioso. O álcool o tornou mais emotivo, a ponto de tremer de ódio. “Aquele sujeito não merece viver. Vou matá-lo e me suicidarei depois”, pensou seriamente.
Esse é um momento muito importante para reflexão. O que aconteceria de bom se o assassinato se concretizasse? Absolutamente nada. Pelo contrário, seu autor compraria o ódio eterno dos familiares da vítima. Ódio produz ódio, rancor resulta em mais rancor. Além disso, como todos possuímos alma eterna devemos pagar pelos nossos atos um dia. Isto significa que sempre colhemos as consequências de nossas ações, sejam elas boas ou más.
Felizmente, o sr. Tonosaki não havia perdido de todo a razão. Pensou em seus familiares e chegou a conclusão de que jamais teria coragem para matar alguém.
Passou o Ano Novo. Na noite de 4 de janeiro seu filho Mitsuhiro de um ano e meio teve uma repentia febre de quarenta graus. O sr. Tonosaki o levou imediatamente ao pronto-socorro, mas a febre não cedia e o estado do bebê piorou. Foram então para o Hospital Pediátrico, onde foi diagnosticada uma mielite e se aconselhou que procurassem o Hospital Goryokaku, onde o menino poderia receber melhores tratamentos.

O espelho da mente

Uma doença assim não aconteceria por acaso. Existe uma relação íntima entre o estado da criança e a mente dos pais, e essa relação é mais profunda quanto menor a criança. É por isso que diz que “o filho é espelho dos pais”. Qaundo estes estão furiosos, o filho adoece com febre e pode sofrer de violenta diarreia.
A mente do sr. Tonosaki, torturada pelo rancor e pela cólera, não o levou ao extremo de praticar um assassinato mas exteriorizou-se sob a forma de grave doença do filho. E isso o afligiu ainda mais. Naturalmente devem ter existido outras causas, como uma desarmonia conjugal ou o próprio estado físico da criança. Entretanto, como o que se tem na mente toma forma, segundo a lei da mente, é comum uma febre alta ser reflexo de um ódio profundo. No caso do filho do sr. Tonosaki, havia também sério perigo de a febre deixar sequelas permanentes, por se tratar de doença da medula.
O médico que examinou a criança disse: “Dificilmente ela sobreviverá porque o cérebro está tomado pelos fatores causadores da doença. Será preciso utilizar remédios fortíssimos, que provocarão graves lesões na criança e a tornarão um deficiente irremediável”. Haveria situação mais dramática do que esta? De qualquer maneira, o importante era salvar a vida do filho, e o sr. Tonosaki pediu ao médico: “Não importa que se torne um deficiente mental. Nada pode substituir a vida dele. Por favor, aplique-lhe esse remédio...”
Como vemos, odiar alguém só traz problemas desagradáveis. Infelizmente, este era o pior dos problemas. Mas o filho ainda não estava de todo perdido. Não haveria uma solução melhor? O sr. Tonosaki estava desesperado quando, numa noite, sua irmã e o marido dela vieram visitá-lo acompanhados de um preletor da Seicho-No-Ie chamado sr. Sato. Até então o sr. Tonosaki não conhecia a Seicho-No-Ie, mas em vista da gravidade da situação ele e sua esposa Ikuko ouviram atentamente as explicações do Sr. Sato.

“Abracem-se”

O Sr. Sato explicou o seguinte:
1 – Marido e mulher constituem o alicerce da família. Quando suas mentes estão em desarmonia é muito natural que ocorram distúrbios entre os familiares. É preciso que se harmonizem e, no mínimo uma vez por dia, que se abracem afetuosamente.
2 – Ambos devem, ainda, agradecer profundamente aos espíritos dos antepassados, que protegem os membros da família, e diariamente oferecer juntos a leitura da sutra sagrada Chuva de Néctar da Verdade.
3 – Devem praticar, também diariamente, a Meditação Shinsokan, reverenciando a Imagem Verdadeira do cliente e enviando-lhe sentimentos de gratidão. Jamais pensar nele com ódio e nem desejar que pague a quantia devida.
4 – A doença da criança é projeção dos violentos sentimentos de ira e ódio dos pais, mas a Imagem Verdadeira dela é perfeita e harmoniosa desde o princípio. Portanto, deve-se contemplar apenas a sua Imagem Verdadeira, com reverência, sem jamais pedir que a doença seja curada.
Na ocasião o sr. Tonosaki se encontrava em situação desesperadora, tanto financeiramente como em relação ao filho. Nem as melhores técnicas da Medicina como da Economia poderiam solucionar seus problemas. Por isso, aceitou imediatamente todos os conselhos do preletor e na mesma noite o casal começou a ler a sutra em frente do oratório, onde foram evocados os espíritos dos antepassados. Marido e mulher se abraçaram e, a partir daquele instante, o sr. Tonosaki redescobriu a beleza na sua esposa.
Foi uma descoberta importantíssima. Quantas pessoas não percebem uma qualidade maravilhosa que possuem há muito tempo! Podem ter percebido uma vez, mas esquecem-na com o decorrer do tempo e não sentem mais emoção alguma. É como enterrar um diamante e depois esquecê-lo completamente. Precisamos reconhecê-lo e trazê-lo à luz, e isso se faz com palavras e atos. Foi um abraço afetuoso que se fez o sr. Tonosaki redescobrir a beleza oculta de sua esposa, bem como tantas outras qualidades maravilhosas.

Existem milagres?

No dia seguinte aconteceu um fato surpreendente: a febre da criança começou a baixar. Ela foi melhorando com incrível rapidez, e os últimos exames já não acusaram qualquer sombra da doença. Nem sequelas restaram.
Um acontecimento realmente milagroso, se nos determos apenas na aparência física das pessoas. Na verdade houve apenas um resultado natural em função da mudança da mente do casal. Foi removida a principal causa da doença e, como consequência, a cura aconteceu imediatamente. Hoje a criança está com cinco anos, forte e sadia.
Assim o sr. Tonosaki reconquistou a felicidade familiar. Mas havia ainda o grave problema daquele cliente. Foi muito difícil reverenciar sua Imagem Verdadeira. Mas se não o fizesse, seu compromisso com o sr. Sato não seria cumprido. E então continuou tentando. No início bastava fechar os olhos para que o rosto odiado daquele homem surgisse, como que zombando do sr. Tonosaki. Foi preciso grande esforço para dirigir agradecimentos a esse rosto. Seria possível isto? Sim, perfeitamente possível. Deus não criou uma só pessoa má nesta Terra. Nunca é impossível que um filho de Deus reverencie outros filhos de Deus. O sr. Tonosaki pronunciou o nome do cliente e disse: “Muito obrigado”. E insistiu em imaginar seu rosto até que este adquirisse uma expressão risonha e amigável. Repetiu o ato, diariamente, ao fazer a Meditação Shinsokan.
No decorrer dos dias o sr. Tonosaki foi aprofundando a consciência de que seu ódio ao cliente provocara a doença do filho. Já antes havia compreendido vagamente essa relação de causa e efeito, mas agora a sensação de responsabilidade de seu ato repercutiu-lhe profundamente na consciência. Ao mesmo tempo lembrou-se de que o cliente confiara em seus serviços, tendo sido portanto seu aliado no início. “Como pude transformá-lo num inimigo e hostilizá-lo desta maneira? Eu estava errado... Além disso, meu ódio causou a doença do meu filho... Perdão, perdão, eu errei!”. Lágrimas afluíram ao rosto do Sr. Tonosaki durante um bom tempo.
Esse arrependimento prolongou-se por vários dias. Até que, de repente, o sr. Tonosaki recebeu um telefonema daquele homem: “Venha imediatamente por favor”.

“Estou preocupado com você”

Lá chegando, no meio de uma conversa, interpelou-me de repente:
– Você tem alguma crença?
– Tenho. Eu pratico a Seicho-No-Ie. E rezo todos os dias pela sua felicidade.
Sem querer o sr. Tonosaki deixou escapar estas palavras. O cliente pensou um pouco e disse:
– Há uns quatro ou cinco dias venho sentindo inexplicável preocupação por você.
A oração convicta que o sr. Tonosaki vinha praticando havia alcançado o cliente! Não havia dúvida de que as mentes se intercomunicam. Corpos físicos parecem distinguir-se, estar isolados um do outro, mas a mente é uma só. Por isso o comportamento de uma pessoa muda completamente, dependendo da disposição mental com que é analisado. Se você considera alguém mentalmente bom, essa pessoa agirá com bondade; se a considerar como inimiga, agirá efetivamente como inimiga.
A atitude do cliente mudou de forma radical. Ele demonstrou compreensão pelos problemas do sr. Tonosaki e a questão do pagamento foi integralmente resolvida em menos de três semanas. No dia 26 de fevereiro o sr. Tonosaki recebeu a quantia total, e o longo sofrimento desapareceu por completo. A vida tornou-se um paraíso.
Realmente não existe mal, nem doença ou pobreza no mundo criado por Deus. O que acontece é que as pessoas se deixam impressionar e acreditam na existência do mal, esquecendo-se de contemplar mentalmente a Imagem Verdadeira do próximo.
Surgem no nosso meio, às vezes, pessoas demoníacas ou graves doenças, que na verdade desempenham a maravilhosa função de extirpar o ódio mantido em nossas mentes.

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