sábado, 15 de janeiro de 2011

Algumas Palavras Iniciais...

"Era meio-dia do dia 15 de agosto de 1945. As palavras do Imperador tocaram profundamente o nosso coração uma por uma: o Japão fora derrotado! O Japão, país de origem divina, derrotado! O Japão, morada do Imperador, derrotado! Mesmo depois do comunicado, ficamos todos em estado de choque. Alguém começou a chorar e, então, todos caíram em pranto simultaneamente. Foi como se a comporta de um dique tivesse sido aberta.
Eu, soluçando, relembrei as palavras do Mestre Taniguchi sobre "a vitória infalível". Não podia mais confiar no Mestre Taniguchi, nem no Japão, país divino. Já não podia mais acreditar em nada!... (...)
Mas eu queria, de qualquer maneira, ouvir o Mestre Taniguchi. Estava ávido por me agarrar a algo em que pudesse confiar. Então dirigi-me à Tóquio, imaginando a pomposa sede da Seicho-No-Ie que frequentava antes de começar a guerra. Desembarquei na estação do metrô e, quando saí à superfície, assustei-me: tudo havia se transformado numa planície queimada! Barracas de acampamento espalhavam-se por todas as partes.
Caminhando saudoso pelas ruas que levavam à Academia, eu lembrava incessantemente as palavras do Mestre Taniguchi: 'Mesmo que Tóquio se incendeie, a Academia da Seicho-no-Ie não se queimará'. Será que aquela Academia ainda permanecia a salvo? Eu me aproximava cada vez mais, porém não a enxergava. Finalmente, vi-me plantado no local onde se situava a Academia: em meio às ervas daninhas, viçosas abobreiras cresciam; a Academia fora destruída pelo fogo! Minha fé ficou completamente abalada (...)
Um letreiro se erguia, no meio das aboboreiras. Através dele fiquei sabendo que as reuniões dominicais da Seicho-no-Ie estavam sendo realizadas no andar superior da Sociedade Cultural do Japão. Subi até lá. Comparando a reunião com as anteriores à guerra, como estava triste! Na pequena sala de conferências, havia poucas pessoas presentes. Não havia púlpito. O Mestre encontrava-se de pé num tatami, e a professora Teruko, sentada ao seu lado. A palestra teve início, como se estivessem à minha espera:
- Foi bom o Japão ter sido derrotado...
Essas palavras penetraram diretamente em meus ouvidos. Duvidei do que acabava de ouvir, mas a palestra continuou sobre o mesmo assunto. Não podendo suportar mais, saí. 'Por que a derrota foi boa? Não tínhamos orado com fervor pela vitória? Não tínhamos oferecido a própria vida e lutado para vencermos? O Mestre também está acomodando-se à situação'. Decidi categoricamente em meu íntimo abandonar a Seicho-no-Ie."

Este relato consta do livro do professor Kamino Kusumoto, "Buscando o Amor dos Pais", em suas páginas 50 a 52. E, no momento em que desligo a televisão agora há pouco, com o Jornal Nacional atualizando o número de mortos na enchente na Região Serrana do Rio para 606 vítimas fatais, logo pensei neste trecho deste livro. Claro que a situação não guarda nem termos de comparação com o que houve com o Japão, não obstante o gritante número de vítimas desta avant première do que será o ano de 2012, segundo as cassandras pré-colombianas de plantão, mas... o que podemos desta enxurrada tirar como lição para nossas vidas?
Permitam-me parafrasear o Mestre: A Região Serrana não foi nem nunca será destruída. A verdadeira Região Serrana jamais passou por uma hecatombe deste nível. O que passou foram apenas projeções...
Ora, direis, projeções...! Fale isso para quem perdeu tudo, inclusive e principalmente família. Pois eu digo e repito: bens materiais vão e voltam, e a família jamais se perde. Claro que, fenomenicamente, a ausência física (apenas física) deles dói, e dói profundamente. Cheguei a chorar vendo as cenas e me compadeço das mesmas toda vez que vejo. Mas, como disse o Mestre em seu "Comande Sua Vida", na mais bela e lógica explicação dele sobre a morte que até agora minhas retinas leram, ele fala que "a morte não passa de uma situação em que o ser vivo deixa de ser percebido pelos sentidos físicos. Considerar essa mudança como uma perda é mera ilusão" (pg. 240/241).
Não posso, pelo menos por enquanto, fazer doações. Não posso, por enquanto, servir-me de voluntário, embora eu muito quisesse. Neste momento, em que a maioria dos cidadãos das áreas atingidas sequer pode ler estas linhas, pelo menos alguns dos meus leitores lerão. E farão a diferença, emitindo, como eu estou emitindo agora, vibrações da mais pura e perfeita visualização do Mundo da Imagem Verdadeira: neste momento, neste exato momento, a luz e a proteção divina cobrem as áreas atingidas. Somente o bem existe, mal algum pode te atingir. Neste momento anjos encontram-se te auxiliando para lembrarem desta Verdade: o mal parece prevalecer, mas ele é apenas um estado de exceção, inconstante, e se desmorona facilmente, pois,

Não é existência verdadeira
o que some como a bolha,
o arco-íris, a miragem, o eco.

Não tomeis por vosso Eu
o que não é existência verdadeira;
jamais o considereis vosso Eu.

(Canto da Vida Eterna)

Um comentário:

  1. Leo, ainda não tinha lido esse texto (aliás, ainda não li esse livro, apesar de possui-lo).
    Acompanhando os noticiários,me senti angustiada, com o q ocorreu, não pelos bens materiais perdidos, mas pelos entes queridos ...

    "a morte não passa de uma situação em que o ser vivo deixa de ser percebido pelos sentidos físicos. Considerar essa mudança como uma perda é mera ilusão"

    Mas é muito reconfortante uma explicação como essa.

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