quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Reflexões Patriotas E Outras Patriotadas Ufanistas Politicamente Incorretas Nestes Tempos de (Ir)reflexão

Senhores leitores deste blog, em especial os nascidos na vasta porção centro-oriental do continente sul-americano. Daqui a curtos onze minutos iniciar-se-á mais um dia sete de setembro para festejardes mais um feriado da independência de vosso torrão natal, quando, há exatos 189 anos, Dom Pedro I, com uma bela diarreia, declarou naquela frase que hoje virou bordão "independência ou morte" a independência política do Brasil face aos 322 anos de dominação lusa.
E, desta vez, pretendo fazer como Cazuza fez, "nadando contra a corrente, só pra exercitar", pretendo, neste dia, não fazer do sete de setembro ocasião para qualquer protesto ou reivindicação inócua ou obtusa à minha pátria.
Não.
Nem de longe pretendo apontar as mazelas que circundam o país, como, por exemplo, a distribuição de renda, a flagrante miséria, a corrupção, nem cantar as desgraças que assolam este país.
Nem pensar.
Ora, direis, o que falarás então?
Nada.
Rigorosamente nada.
Só farei uma coisa.
Uma pequena coisa.
Uma minúscula coisa.
E esta coisa resume-se à três palavras, inseridas exatamente na décima quinta frase da Revelação Divina da Grande Harmonia, que este blogueiro já teve oportunidade de estudar convosco outra ocasião.
"Agradeça à Pátria".
Hoje eu só quero agradecer.
Hoje, só hoje, eu só quero agradecer.
Nos outros 364 (ou 365 caso seja bissexto) dias eu posso reclamar, xingar, espernear, fazer o que quiser com essa pátria mãe amiúde nem tão gentil, mas hoje, real e definitivamente, não.
Daqui a exatos dois minutos, quando o relógio apontar 0:00 eu só vou agradecer.
Obrigado, obrigado, obrigado!
Não porque nasci num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.
Não porque devo fazer isso em nome de um patriotismo oco e sem sentido.
Apenas, e tão somente agradecer.
Obrigado, obrigado, obrigado, Deus!
Vós reservastes para mim, Deus, o melhor lugar que eu pude nascer.
O único lugar do mundo em que eu poderia ter os pais tão maravilhosos que me deste.
O único recanto do planeta em que meus antepassados, vindos da Península Ibérica, alguns até de sangue semita, encontraram paz e descanso para suas cansadas e perseguidas almas.
O único lugar do mundo, inclusive, que eu poderia encontrar minha augusta esposa.
O único lugar do mundo em que eu poderia me desenvolver plenamente como Filhos de Deus.
Obrigado, obrigado, obrigado.
Neste dia não quero reivindicar, não quero reclamar, não quero chorar.
Quero só agradecer.
Neste dia, pego minha quase bicentenária pátria e a levo para passear, para espairecer, para viajarmos por suas terras.
Neste dia leio para ela as obras de sua gente, os feitos de seu povo.
Neste dia dou de comer para ela as iguarias que só os seus nascidos poderiam, com seu gênio inventivo, criar.
Neste dia, apenas neste dia, digo para ela o quão belas são suas cores.
E, neste dia, renovo meu voto solene de que, por mais imperfeita que possas parecer no plano fenomênico, pátria minha, és a prova mais contundente de que Deus também tem seus ataques de megalomania, e, quando te criaste, estava no mais furioso de seus acessos...
Eu te amo, Brasil. Muito obrigado por tudo. Que, decididamente, não é pouco...

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