Enquanto conversava com ela, ficou evidente o motivo pelo qual ela detestava os afazeres domésticos e odiava a cunhada. Na verdade, ela odiava a sua própria covardia, e não a cunhada. Ela sentia-se humilhada por ter de viver na dependência da cunhada e odiava este fato. Isso porque, por ela estar vivendo ali, estava realmente apoderando-se dos trabalhos domésticos que seriam da cunhada. Portanto, o que fizera com que sentisse ódio de sim mesma fora a presença dessa cunhada, como também o fato de estar apoderando-se do trabalho da cunhada. Assim, compreendeu a razão pela qual odiava a cunhada e os trabalhos domésticos relacionados com ela.
Em geral, quando uma pessoa sente ódio de alguém, na verdade está odiando sua própria desgraça. Passa a odiar o outro como condição para manter essa desgraça. Ou seja, pode-se dizer que o ódio que ela sente em relação ao próximo é pela própria humilhação por que passa, ou seja, projeção do ódio contra si mesma. O real problema desta senhora não era o fato de não gostar dos trabalhos domésticos, nem o de estar odiando de verdade a cunhada. A raiz dos seus problemas estava na vergonha que sentia em ter de viver na dependência da sua cunhada e no ódio que sentia de si mesma por não conseguir se sustentar. Isso foi esclarecido através da psicanálise da sra. Mann.
Em geral, nasce o ódio contra si mesma quando a pessoa não se encontra onde deveria estar, não está cumprindo seus deveres e não está colocando em prática aquilo que é capaz de fazer. Em tais situações, a voz de Deus, que está no interior dela, passa a censurar sua situação desse momento, e isso constitui ódio contra si mesma. Portanto, quando a pessoa sente ódio de si mesma, significa que sua natureza divina interior está advertindo-a e tentando orientá-la, podendo também dizer que está fazendo com que ela sinta desejo de deixar o lugar onde se encontra agora. Consequentemente, fica-se num estado mental intranquilo e, para se justificar, diz que não está errada de forma nenhuma, imaginando que está, ao contrário, sacrificando-se pelo irmão e pela cunhada. Assim, tentando disfarçar seu sentimento de humilhação, pensa 'Eu não estou errada, estou sacrificando minha juventude em prol do lar do meu irmão' e, no final, passa a sentir ódio da cunhada e a abominar serviços domésticos.
A sra. Mann escreveu que teve muito trabalho para explicar de modo convincente a essa senhora que todas as pessoas nascem sobre a superfície terrestre com uma missão. Portanto, terá indubitavelmente um trabalho e, através desse trabalho, conseguirá tudo que é necessário para a sua vida cotidiana. Contudo, a sra. Mann conseguiu, finalmente, fazer com que ela percebesse o que desejava de fato.
(...)
Quando assim desaparece o sentimento da pessoa que odeia e menospreza a si própria, ela recupera o sentimento de auto-estima e passa a também respeitar o próximo."
(Ciência da Oração, pgs. 43-46, os grifos são nossos)
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