PALESTRA FRATERNIDADE ICARAÍ – 12.09.2011
ESTUDO DA REVISTA SAGRADA FONTE DE LUZ SETEMBRO/2011 – PGS. 12/14 -
“SE DEUS É PERFEITO, POR QUE SURGEM MALES”?
Algumas pessoas questionam: “Será que Deus é realmente perfeito e bom? Se Ele é perfeito, e bom, por que ocorrem neste mundo infortúnios, sofrimentos, aflições e doenças que atormentam o ser humano?”. Tanto a Seicho-No-Ie como a Christian Science ensinam que os infortúnios, os sofrimentos, as aflições e as doenças que afetam o ser humano neste mundo não existem de verdade, sendo apenas “manifestações fenomênicas”. Explicam que é necessário fazer uma clara distinção entre existir e estar manifestado. O que existe (existência verdadeira) é obra criada por Deus, e tudo que existe de verdade é bom. Mas, o que está manifestado é tudo aquilo que surge em conformidade com a lei mental. Quando se contempla mentalmente a Imagem Verdadeira, surge o aspecto perfeito da existência verdadeira, e quando se contempla a imagem ilusória, a sombra da ilusão encobre a perfeição da existência verdadeira, fazendo surgir um aspecto imperfeito. Esse é o ensinamento, em linhas gerais.
Pode-se questionar: “Então, de onde surgiu a lei mental?”. Em poucas palavras, a lei mental é um meio pelo qual Deus Se manifesta de modo geral e universal para que nós, seres humanos, possamos tirar proveito disso. Deus é uma “Personalidade viva”, mas, como consta na Sutra Sagrada Chuva de Néctar da Verdade, manifesta-Se também sob a forma de Lei que permeia o Universo e se propaga no âmbito geral. Com isso, fica assegurado o nosso livre-arbítrio na condição de seres humanos (filhos de Deus). Se Deus, agindo apenas em função de Sua livre vontade, fizesse o que bem entendesse, segundo Seu próprio arbítrio, o ser humano (filho de Deus) não teria nenhuma liberdade. Para que a liberdade do ser humano seja assegurada, Deus Se manifesta com Lei, da qual as pessoas podem tirar proveito segundo seu livre-arbítrio. Somente a lei, ou seja, uma regra determinada, pode servir para nosso uso. E o ser humano, valendo-se do livre-arbítrio, pode expressar livremente seja o que for. Pode expressar livremente qualquer coisa e qualquer situação: males, imperfeição, sofrimento, aflição, doenças, pobreza etc. Somente a verdadeira liberdade é o maior dos bens. O bem expressado sob coação é apenas uma imitação formal do bem; por ser um ato maquinal, não é expressão da verdadeira moralidade. Deus concedeu ao ser humano o maior bem, que é a verdadeira liberdade, para que as pessoas possam expressar o que quer que seja, por livre vontade.
Assim, fundamentalmente o ser humano é dotado de liberdade e do “conteúdo infinito de bem”. Mas esse “conteúdo infinito de bem” só pode ser manifestado concretamente por meio de treinamento constante, do mesmo modo que o “ideal do belo” imanente no artista vai se revelando aos poucos por meio de treinamento incessante até ser manifestado com perfeição. O “conteúdo infinito de bem” está imanente no ser humano desde o princípio, e por isso mesmo é possível ser revelado e expressado. Mas o ser humano ainda não conseguiu revelá-lo e expressá-lo plenamente. Justamente por isso, sentimos alegria no processo de revelá-lo e expressá-lo. Se pudéssemos atingir rapidamente o topo do monte Fuji, não poderíamos apreciar as belas paisagens que vão surgindo ao longo da escalada. Na arte fotográfica, dependendo das diferentes maneiras de enquadrar a imagem, varia a expressão do belo. Também na vida do ser humano ocorre algo semelhante. Sentimos alegria em revelar aos poucos o “conteúdo infinito do belo”, mostrando a vivência dos diferentes momentos da vida que variam como diferentes ângulos de uma pintura. Portanto, a alegria de viver consiste em revelar gradativamente a perfeição inata sob a forma de “perfeição em via de se manifestar”. A perfeição inata é infinita; por isso, por mais que nos elevemos, não podemos dizer que alcançamos a perfeição. Em outras palavras, somos originariamente perfeitos, mas, sob o aspecto fenomênico, somos imperfeitos. Por essa razão, quando olhamos para o nosso eu atual à luz do ideal perfeito imanente em nós, sentimo-nos descontentes e irritados com o aspecto manifestado, e isso gera sofrimentos e aflições. Mas, se mudarmos de postura mental e, mesmo na posição do eu atual, visualizarmos a vastidão do nosso futuro que se alarga infinitamente, tanto maior será a nossa alegria, quanto mais elevado o ideal a ser alcançado. O sofrimento e a alegria são como trançados de uma corda. As vicissitudes desta vida podem ser motivo de estímulo ou de sofrimento, dependendo da postura mental da pessoa. Ilustremos esse fato fazendo analogia com a escalada de uma montanha. Algumas pessoas a consideram um esforço penoso, e outras a consideram um esforço prazeroso. Se fôssemos transportados do sopé da montanha até o topo enquanto estivermos dormindo e acordarmos somente ao chegar, seria muito cômodo, mas não poderíamos apreciar as paisagens ao longo do trajeto. A vida também seria muito monótona e sem graça se não precisássemos de nenhum esforço para seguir em frente. A Vida implica ação. Sem ação, não podemos manifestar a Imagem Verdadeira da Vida. Diz-se esforço o ato de se empenhar numa ação. Com o propósito de fazer com que o ser humano se empenhe em algo (ou seja, se esforce), valendo-se da própria liberdade de agir, Deus manifestou-Se como Lei que rege o Universo, e espera que nós, pela aplicação correta da Lei, manifestemos a liberdade infinita. Quando nos empenhamos em algo tendo a verdadeira conscientização da perfeição inata da Vida, não surgem nem doença nem pobreza, pois elas não existem originariamente. Tanto a doença como a pobreza não são algo que existe realmente, e sim “estados em que a perfeição original ainda não está revelada”. Pode-se dizer, também, “estados em que a perfeição original ainda está em via de ser revelada”. Quando a Vida é direcionada no sentido certo e entra em ação, a Imagem Verdadeira se revela, e então a doença e a pobreza desaparecem. Isso porque tanto a doença como a pobreza não passam de “estados em que a perfeição original ainda não está revelada”.
(Do livro Kôfuku Seikatsuron – ainda não editado em português; tit. prov.: Teoria Sobre A Vida Feliz – pg. 163-166)
O assunto aqui tratado, confesso, é um dos meus preferidos!
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